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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Polêmica: jornalista pede desculpas à Banda Catedral ou aproveita o artigo para divulgar seu livro?



Catedral e o Juízo Gospel

“Uma manchete um tanto malanda e o rastro de destruição estava feito. Mais um capítulo do livro: Cheguei bem a tempo de ver o palco desabar”.
Apesar te haver me convertido ao cristianismo de tradição protestante antes mesmo de começar a escrever profissionalmente, sempre fui desconfiado de qualquer coisa parecida com o que é conhecido como segmento “gospel”.
Nunca cogitei me alinhar com tal target nem como profissional muito menos como consumidor e, se você me permite generalizar, sempre achei que a música evangélica era, no fundo, uma saída fácil para que artistas sem chance no mundo pop pudessem dar seus autógrafos, ter seus produtos licenciados e viver seu sonho de star.
O chamado “rock gospel” do início dos anos 1990 não diminuiu minha antipatia, muito pelo contrário. Música para mim sempre foi assunto sagrado demais para ser profanada por pseudos.
Mas aconteceu que em 1999, a gravadora WEA anunciou a contratação do grupo carioca Catedral, embalado naqueles típicos projetos de marketing vergonhosos vindos de grandes gravadoras: a multinacional queria oferecer a banda como uma espécie de substituta da Legião Urbana, especialmente do lado mais espiritualizado e “conselheiro” da banda de Brasília – dali alguns anos, de fato contrataria o tecladista da Legião, Carlos Trilha, para produzi-los e reforçar a conexão.
Do lado do quarteto evangélico, o desejo declarado era romper com o mercado dito gospel e avançar para o mercado dito secular, passo que se anunciava já havia alguns anos, em músicas cuja temática religiosa eram mascaradas em letras de amor.
O Catedral havia surgido em 1988 fazendo um som que em nada lembrava a Legião nem suas matrizes estéticas. Mas encontrou seu nicho de mercado no mesmo balaio que deu certa (má) fama ao grupo Cogumelo Plutão, por exemplo, o de pretensos estepes do grupo de Brasília.
Em tempos em que o “serviço de implantação de novos produtos no mercado” andava de vento em popa entre as gravadoras e as rádios, a música “Eu quero sol nesse jardim” já tocava em FMs jovens.  Nem a Legião Urbana soaria tão caricaturalmente Legião Urbana quanto naquela balada de violãozinho com vocal empostado e letra sobre jardins, luz da manhã e azul do céu. Marcelo Bonfá chamou o grupo de “cópia paraguaia”; Dado Villa-lobos de “Denorex” (o xampu do slogan “parece, mas não é”).
Recebi o disco na redação da Usina do Som e encomendei ao talentoso repórter Ricardo Pieralini que visitasse o Catedral e descobrisse aonde eles queriam chegar com tudo aquilo. Lembro de tê-lo advertido de que dinheiro era a menor das tentações, uma vez que o mercado gospel já era muito mais promissor do que o mercado secular, realidade que só se acentuou nos anos seguintes. E o repórter foi em sua missão.

A banda Catedral: do circuito religioso carioca para o “Disk MTV”, “Rock Gol” e para o alvo do farisaísmo evangélico
Pieralini voltou dizendo que, sem compartilhar da minha desconfiança, não havia encontrado nada além do que encontrava em todo artista que entrevistava: quatro pessoas querendo atingir um número sempre maior de pessoas. Na verdade, penso hoje eu, o Catedral tentava fazer na época, com o talento de que dispunham, o que um número razoável de bandas cristãs brasileiras tenta fazer atualmente: dar um passo fora do seguro target gospel, dialogar com a sociedade, e influenciá-la como fizeram Bob Dylan ou o U2.
Mas o Catedral não sabia se explicar e ninguém parecia muito interessado em entendê-los. Tínhamos, pelo menos um título chamativo – ou apelativo, se você preferir, para buscar audiência na home do site, àquela altura o maior sobre música da América Latina, com mais de um milhão de usuários cadastrados: “A igreja é uma merda”.
No terceiro ou quarto parágrafo do texto, a um clique de distância, a frase era explicada. A banda dizia, ou queria dizer, que, artisticamente, manter-se restrito ao circuito formado por frequentadores de igreja, é um beco sem saída, é restritivo, uma porcaria, um cocô, uma merda.
Foi um título maldoso, não posso negar, minha máxima culpa. Não mais maldoso do que as maldades que eu já reservei ao Cidade Negra, é verdade, mas ainda assim pilantra, um tipo de manchete que só se explica no meio do texto, uma técnica que eu me recusei a repetir desde então, por mais ingênuo e despreparado que seja o artista que deixa escapar uma frase como essa.
A diferença entre o Cidade Negra e o Catedral é que a maldade em direção a estes me levaram a conhecer as profundezas do farisaísmo gospel. A “notícia” de que o Catedral haveria “renegado”, “apostatado” e “zombado do corpo de Cristo” grassou com uma velocidade absurda, sem tempo para contextualizar a frase infeliz.
Aquele foi o conteúdo mais acessado do site até então. Lembro de, no sábado, dia seguinte à publicação, descendo em direção ao litoral, ter cruzado com nada menos do que três rádios evangélicas repercutindo a notícia, nunca consultando a banda, sempre em tom de impiedade e condenação.
A gravadora MK Publicitá, responsável pelo lançamento dos seis álbuns anteriores do grupo, aproveitou para fazer marketing e anunciou imediatamente o recolhimento dos álbuns, por causa da “quebra de compromisso” do grupo com a igreja. Vários pastores e músicos vieram a público praticar o velho esporte de arvorarem-se santos diante do que supunham ser o desvio dos outros.
A repercussão foi tanta, e as pressões da gravadora tamanhas contra um site que, de fato, dependia da simpatia das companhias, que decidimos tirar a reportagem do ar na segunda-feira, deixando um rastro impressionante de destruição.
Combinei com Pedro Só, meu diretor, que eu em pessoa conduziria uma grande reportagem sobre o mercado gospel – desde aquela época sinônimo de audiência e controvérsia, tudo pelo que babávamos diariamente. Seria a primeira vez em sete anos de carreira que eu escreveria algo relacionado a religião.
Meus primeiros entrevistados foram justamente os músicos do Catedral (o fair-play em me receber cordialmente, em meio à tormenta em que se meteram, é gesto de nobreza de espírito que me impressiona até hoje). A partir dali mergulhei no enxofre: travei uma hora de conversa surreal com a bispa Sônia Hernandes em que ela começava tentando me convencer de suas boas intenções em registrar a palavra “gospel” em seu nome e terminava chorando nervosamente; me impressionei com o pensamento vivo de Yvelise de Oliveira, dona da MK Publicitá, segundo o qual os desejos mais elevados de todo artista gospel não eram maiores do que dar autógrafo e tirar fotos ao lado dos fãs; e fui verdadeiramente iluminado por uma professora de música numa faculdade de teologia batista, quando ela me chamou a atenção para o macaqueamento dos modelos americanos entre os góspeis brasileiros.
Guardo essas entrevistas em cassete até hoje. Teria rendido uma reportagem histórica, mas a bolha da internet estourou e os jornalistas com os salários mais altos foram os primeiros a serem cortados de suas redações. O Catedral lançou outros discos pela WEA, frequentou o Disk MTV e o Rock Gol, tornou-se ainda mais parecido com a Legião Urbana, processou a MK Publicitá, ganhou, e entrou na década de 2010 com um trânsito razoável entre os dois mercados.
(O gospel brasileiro é o único gênero musical em que os próprios artistas pensam em termos de “mercado” como se fosse um contingente artístico). Os músicos brasileiros de matriz cristã consideram o evento “Usina do Som” como um marco para que outros nomes se acovardassem em dar o passo fora de seu segmento.
A Usina do Som, gastando em banda pelo sucesso de público e sem ideia de como reverter isso em receita, foi diminuindo de tamanho até fechar em 2005, justamente o ano do advento da web 2.0. E eu aproveitei o tempo livre para finalmente terminar meu primeiro livro, Dias de luta: O rock e o Brasil dos anos 80. (Fonte: Blog de Ricardo Alexandre)
Comentários de alguns internautas:
“É profundamente lamentável ler um artigo como este, em pleno 2013. Perdi meu tempo, e mais agora um pouco para uma resposta que sei, não agradará a muitos. Fica clara ainda a intenção do autor de auto-promoção onde a prova está no final do texto, fazendo propagandas de seus livros e obras, que tristeza. Também nunca fui apreciador da música  “catedrailana” porém não é nisto que quero me atentar. o papo deveria ser outro, muitos outros… em tempos que se perde músicos com over dose de drogas, tiro na cabeça, etc. Poderia aqui enumerar dezenas de músicos ditos “não gospel” como diz o texto, que acabaram com suas vidas antes mesmo dos 35 ou 40 anos, profundamente lamentável. Agora vem um que quer se dizer conhecedor da atualidade musical, seja ela qual for no passado ou presente, e desvia sutilmente a verdadeira situação de alguns músicos que estão morrendo, por talvez não viver nem um pouco em suas vidas, do que conhecemos como o gospel, que quer dizer na real, Evangelho. Odeio a religião, escraviza o homem e faz dele um fantoche  ,porém amo a palavra de Deus, a bíblia sagrada, e nela mesmo está contido que tudo que o homem plantar ele vai colher, e existe uma palavra mais forte ainda proferida por Jesus Cristo: são pelos frutos que se conhece ( no caso) uma pessoa.  Não me importo se o cara imita Roberto Carlos, Legião, Pink Floid, e tantos outros, com o que devemos realmente nos preocupar, até mesmo para servir de exemplo para nossos filhos, é se o que o cara canta, projeta a vida, para não ser igual a muitos idiotas que fala de amor e vive um ódio real em sua vida a ponto de tirá-la. Abraço a todos”. Mota Junior

“Deixa lá ver se eu entendi, um jornalista que exerce desonestamente a sua profissão, vem aqui e explica como se fosse uma bruxinha má, fazendo travessura, e todo mundo acha engraçado? Explica que colocou uma manchete desonesta, mal intencionada, a qual ele chama “malandra”, destruindo a carreira de profissionais? Independente do valor ou não? Nossa, em muita publicação séria este cara tava na rua. Desonesto, feio e recalcado por nunca ter sido um rocker. Eu conheço os seus livros, você é mais um brasileiro desonesto, só que é jornalista. Sinceramente, crie vergonha na sua cara”. R. Martins
“Eu sempre acreditei no Catedral e os amo de paixão! Trabalhei ao lado do baterista Guilherme Morgado, por mais de 6 anos e sempre foi uma pessoa exemplar; você deveria pedir desculpas em “público”, ir na rádio Melodia, a qual, na época, foi a única rádio que abriu espaço para o Catedral se explicar. Quanto à MK que era a gravadora anterior, apenas apedrejou o grupo e trouxe de SP o Oficina G3 para “substituir” a banda que pra mim sempre será insubstituível!” Leda Barros
“Mais um tentando se autopromover usando o nome do Catedral. Os que acompanham e curtem o trabalho dos caras, sabem do caráter dos integrantes. Sobre a quase falida MK, perderam agora em última instância o processo que o Catedral moveu, devido a propagação  das mentiras inventadas pelo pseudo-jornalista do já extinto site Usina do Som. A verdade prevaleceu. A justiça tarda, mas nunca falha. Eu tenho total repudio de pessoas como vc, caro “escritor”, que está usando o nome de uma das maiores bandas de POP/ROCK desse país para promover seu livrinho”. Cesar Santana
“Nos dias de hoje ainda se vê o preconceito religioso, um escritor querendo se promover às custas da igreja evangélica, todos nós temos a liberdade de escrever e falar o que quiser, mas o tom preconceituoso deveria acabar”.  Marcio José


Fonte: http://eclesia.com.br/portal/polemica-jornalista-pede-desculpas-a-banda-catedral-ou-aproveita-o-artigo-para-divulgar-seu-livro/

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