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América Latina | |
Vizinhos | Ásia, África, América Anglo-Saxônica, Antártida, Europa e Oceania |
Divisões | |
- Países | 21 |
- Dependências | 10 |
Área | |
- Total | 21 069 501 km² |
- Maior país | Brasil (8.514.876,599 km²) |
- Menor país | El Salvador (21.041 km²) |
Extremos de elevação | |
- Ponto mais alto | Aconcágua, Argentina, 6962 m |
- Ponto mais baixo | Laguna del Carbón, Argentina, -105 m |
População | |
- Total | 569 milhões habitantes |
- Densidade | 27 hab/km² hab./km² |
Idiomas | Principais: espanhol e português Outros: francês, quíchua, aimará, náuatle, Línguas maias, guarani, Crioulo haitiano, papiamento, Línguas tupis. |
A América Latina compreende a quase totalidade das Américas do Sul e Central: as exceções são os países sul-americanos da Guiana e do Suriname e a nação centro-americana de Belize, que são países de línguas germânicas. Também engloba alguns países da América Central Insular (países compostos de ilhas e arquipélagos banhados pelo Mar do Caribe), como Cuba, Haiti e República Dominicana. Da América do Norte, apenas o México é considerado como parte da América Latina.[7] A região engloba 20 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.[8]
A expressão "América Latina" foi utilizada pela primeira vez em 1856 pelo filósofo chileno Francisco Bilbao[9] e, no mesmo ano, pelo escritor colombiano José María Torres Caicedo;[10] e aproveitada pelo imperador francês Napoleão III durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França — e excluir os anglo-saxões — entre os países com influência na América, citando também a Indochina como área de expansão da França na segunda metade do século XIX.[11] Deve-se também observar que na mesma época foi criado o conceito de Europa Latina, que englobaria as regiões de predomínio de línguas românicas.[12] Pesquisas sobre a origem da expressão conduzem, ainda, a Michel Chevalier, que mencionou o termo "América Latina" em 1836, durante uma missão diplomática feita aos Estados Unidos e ao México.[13] Nos Estados Unidos, o termo não foi usado até o final do século XIX tornando-se comum para designar a região ao sul daquele país já no início do século XX.[14] Ao final da Segunda Guerra Mundial, a criação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe consolidou o uso da expressão como sinônimo dos países menos desenvolvidos dos continentes americanos, e tem, em consequência, um significado mais próximo da economia e dos assuntos sociais.[14]
Convém observar que a Organização das Nações Unidas reconhece a existência de dois continentes: América do Sul e América do Norte, sendo que esta última se subdivide em Caribe, América Central e América do Norte propriamente dita, englobando México, Estados Unidos e Canadá, além das ilhas de Saint Pierre et Miquelon, Bermudas e a Groenlândia.[14] As antigas colônias neerlandesas (e, atualmente, países constituintes do Reino dos Países Baixos) Curaçao, Aruba e São Martinho não são habitualmente consideradas partes da América Latina, embora sua língua mais falada seja o papiamento, língua de influência ibérica (embora não considerada latina).[14]
Índice
[esconder]Etimologia[editar | editar código-fonte]
O termo foi utilizado pela primeira vez em 1856, numa conferência do filósofo chileno Francisco Bilbao[9] e, no mesmo ano, pelo escritor colombiano José María Torres Caicedo em seu poema Las dos Américas ("As duas Américas", em português)[10].O termo "América Latina" foi usado pelo Império Francês de Napoleão III da França durante sua invasão francesa no México (1863-1867) como forma de incluir a França entre os países com influência na América e excluir os anglo-saxões. Desde sua aparição, o termo evoluiu para designar e compreender um conjunto de características culturais, étnicas, políticas, sociais e econômicas.[15]
História[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História da América Latina
Ver também: História da América do Norte, História da América do Sul, História da América Central, e História do Caribe
Primeiros povos[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Povoamento da América, História demográfica dos povos indígenas das Américas e Era pré-colombiana
É provável que os primeiros povos vieram da Ásia para a América, cerca de 20 mil anos anteriores à chegada de Cristóvão Colombo ao hemisfério ocidental.[16] Esses habitantes primitivos possivelmente vieram da Ásia à América, passando por uma ponte feita de terra, na era glacial, ou passando de barco pelo Estreito de Bering, ou, então, atravessando ilha por ilha, nas Aleutas.[17] Dirigindo-se para o sul, se espalharam progressivamente pela América.[17]Esses habitantes de origem asiática, denominados, hoje, de índios americanos, ou ameríndios, vagueavam pela terra, perseguindo os animais para matar e tirando os peixes da água.[18] Depois de uma grande quantidade de gerações na América, novos modos de vida foram desenvolvidos por certas tribos.[19] Ao invés de vaguear, ergueram comunidades agrícolas.[19] Foram os primeiros habitantes que plantaram cacau, milho, feijão, favas, batatas, abóbora e tabaco.[20] Nas regiões em que ótimas colheitas foram conseguidas pelos agricultores que viviam tranquilamente, o crescimento populacional foi acelerado.[19]
A cultura maia foi a mais antiga civilização de alto desenvolvimento no ocidente.[19] Teve início na América Central mais de cem anos antes da época em Jesus Cristo nasceu.[21] Por volta de 600 a.C., os maias criaram um calendário e um alfabeto de ideogramas.[22] Haviam criado, também, estilos arquitetônicos, esculturais, e trabalhos metálicos.[23] Tiveram uma boa estrutura de governo[24] e conheciam muito bem astronomia[25] e agricultura.[26]
Durante a invasão espanhola da América Latina, no século XVI, aí prosperavam três grandes civilizações ameríndias: a maia, na América Central (a qual era influenciada pela tolteca, do México, a partir do século X d.C.); a asteca, no México, e a inca no Equador, no Peru e na Bolívia.[27] Essas civilizações exerceram muita influência na prosperidade latino-americana que veio depois dessa contribuição dada pelos primeiros povos da região.[19] O ouro e prata existiam em suas minas, e isso fez com que os dominadores espanhóis conquistassem os povos indígenas na maior rapidez possível.[19]
Exploração e colonização[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: História da colonização da América, Colonização espanhola da América e América portuguesa
A Espanha reclamou para o seu império colonial da maioria do território latino-americana,[28] logo após a chegada de Cristóvão Colombo a essa àrea, em 1492. Terras no hemisfério ocidental eram reivindicadas pelo Portugal. Em uma grande quantidade de vezes, ambos os países desejavam as mesmas terras.[28] Para estes conflitos que fossem resolvidos, uma linha demarcadora foi traçada pelo papa Alexandre VI (1431-1503), em 1493.[29] Essa linha imaginária, a qual percorria de norte a sul, ultrapassava mais de 400 km a oeste das ilhas dos Açores e de Cabo Verde.[30] Os espanhóis e os portugueses exploravam uma diminuta porção do hemisfério ocidental.[31] Estavam de acordo que a Coroa de Castela poderia ter o total das terras das terras a oeste desta linha e o Reino de Portugal o total das terras a leste.[32] Esse acordo fazia referência somente a terras que não fossem governadas por um adepto do cristianismo.[31]Porém, os portugueses não gostaram da ideia da linha, por acreditar que a bula Inter cætera concedia à Coroa de Castela uma área territorialmente muito extensa.[31] Em 1494, o Tratado de Tordesilhas,[33] pela qual a linha era deslocada a mais de 1 500 km a oeste, foi assinado pelo Reino de Portugal e pela Coroa de Castela. Ao Reino de Portugal competia a parte leste do continente, pela qual, hoje, boa porção do território brasileiro é representada.[33] As terras das Espanha localizavam-se a oeste, e estendiam-se entre a Vice-Reino da Nova Espanha, atuais regiões sudoeste, norte, centro e sul dos EUA, e o ponto mais ao sul da América do Sul, na Terra do Fogo.[33]
De 1492 até 1502, Cristóvão Colombo (1451-1506) viajou quatro vezes à América e criou uma grande variedade de colônias menores nas Antilhas.[34] Pedro Álvares Cabral (1467-1520), navegador português, atingiu o litoral brasileiro em 1500.[35] Cabral achou ter descoberto uma ilha e a reclamou para sua pátria.[36] O navegador italiano Américo Vespúcio, que denominou a América, viajou em uma grande variedade de vezes entre 1497 e 1503, perante as bandeiras da Coroa de Castela e do Reino de Portugal.[37] Os litorais brasileiro, uruguaio e argentino foram explorados por Vespúcio,[36] além da exploração de quase o total do litoral argentino por Fernão de Magalhães, em 1520.[38]
Nos primeiros anos do século XVI, os conquistadores dentre os quais eram encontrados Hernán Cortés (1485-1547) e Francisco Pizarro (1478?-1541), auxiliaram na consolidação do domínio da Coroa de Castela sobre a América Latina.[36] Cortés chegou no litoral do México em 1519.[39] Dois anos depois, tinha uma força de guerra com mais de mil espanhóis, uma grande quantidade de aliados ameríndios, certa artilharia leve e poucos cavalos.[36] Com essa força, em 1521, havia dominado Tenochtitlán (atual Cidade do México), antiga sede de governo do do Império Asteca.[40] Nos últimos dias daquele ano, a maioria do território mexicano já foi conquistada por Cortés.[36] Em 1523, um de seus oficiais, Pedro de Alvarado, saiu do México em direção ao sul, até a América Central.[41] Naquele mesmo ano, foi encontrado com tropas que dirigiam-se para o norte, as quais vieram da colônia pertencente à Coroa de Castela que Vasco Núñez de Balboa (1475?-1519) fundou no Panamá e Pedro de Alvarado assegurou para a Coroa de Castela a América Central inteira.[36]
Em 1531, Pizarro saiu do Panamá, velejando em direção ao sul, com mais de 180 homens e 27 cavalos.[42] Chegou no Peru e, em torno de 1533, depois que venceu facilmente os indígenas, já conquistou a maioria do território do Império Inca. Pedro de Valdivia (1500-1553), um dos oficiais de Pizarro, havia conquistado o norte do Chile e criou Santiago em 1541.[43] As regiões dominadas do litoral oeste da América do Sul, do Panamá até o centro do Chile foram dadas por essa conquista à Coroa de Castela.[36] No Chile, o tempo de sobrevivência contínua dos araucanos foi de cerca de 300 anos.[44]
Colonização[editar | editar código-fonte]
Entre 1500 e 1800, os colonizadores que vieram da Coroa de Castela e do Reino de Portugal acorreram em grande número para as novas terras.[45] Os proprietários de terras plantavam algodão, frutas e cana-de-açúcar na maioria do território que ocuparam, principalmente na Região Nordeste do Brasil, nas ilhas das Antilhas e na América Central.[46] Grupos de homens agitados que procuravam ouro e prata passavam pela grande área do México até a Bolívia dos dias de hoje.[46]Por onde percorriam, os europeus obrigavam que boa parte dos nativos trabalhassem para eles, nos campos, nas florestas e nas minas.[47] Trouxeram os primeiros escravos que vieram da África para a América nos primeiros anos do século XVI.[48] Principalmente, o litoral leste da América do Sul fornecia uma pequena quantidade de atrativos para os colonizadores.[46] Uma pequena quantidade de indígenas habitavam a região e nada restou ouro e prata.[46] Por isso, o litoral leste continuou quase sem exploração até o início do século XVII, na época em que a fertilidade do solo para a lavoura e a pecuária foi verificada pelos europeus.[46]
Já se colonizou boa parte do território da América Latina[49] numa época anterior à chegada definitiva dos colonizadores ingleses na América do Norte, mais precisamente onde é hoje o estado mais antigo dos Estados Unidos, a Virgínia em 1607.[50][51] A maior parte dos espanhóis e portugueses vindos para a América Latina queria se enriquecer com rapidez e retornar aos países de onde vieram.[52] Porém, em suas expedições existiam, também, artesãos e camponeses, os quais queriam iniciar um novo tipo de vida.[47]
Movimentos de independência[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Independência da América Espanhola e Independência do Brasil
As colônias da América Latina ficaram sendo dominadas pela Europa por aproximadamente 300 anos.[53] Entre 1791 e 1824, a maior parte das colônias que batalharam em guerras, foram libertadas do domínio europeu por esses conflitos.[54] Todo o país possuía seus próprios heróis revolucionários, porém, ambos os homens mereceram destaque como líderes da América Latina independente.[36] Um dos dois é general venezuelano Simón Bolívar (1783-1830) que venceu libertando a Venezuela, a Colômbia, o Equador, o Peru e a Bolívia.[55] O outro é José de San Martín (1778-1850), general argentino e líder de um exército, que saiu da Argentina, e auxiliou para que o Chile se tornasse independente da Espanha.[56] Contribuiu, também, para que o Peru fosse libertado.[56]A maior parte das colônias possuía quatro motivos de base para batalhar pela independência:[36]
- Muitos mestiços enriquecidos que tinham fazendas, pensavam que era obrigatório participar ativamente no governo de seus países. Em geral, os espanhóis encaravam menosprezada mente os mestiços, que não eram nada socialmente prestigiados. Sendo dessa forma, os mestiços que influenciaram em cima dos nativos, foram líderes de rebeliões que destituíram os senhores europeus.[36]
- Os crioulos (descendentes de espanhóis que nasceram nas Américas) não admitiram a ocupação exclusiva de cargos da administração pública por funcionários espanhóis. Os crioulos, do mesmo modo que os mestiços, desejavam possuir representantes ou políticos que defendessem os seus direitos no governo.[36]
- O comércio entre as colônias na América Latina foi proibido pelos reinos da Espanha e de Portugal, que obrigavam-na a comerciar com as metrópoles.[57] Os governos da Espanha e de Portugal aboliram uma grande quantidade de restrições durante o século XIX, porém, o sentimento de injustiça econômica motivou as colônias a agirem.[36]
- Aumentou nas colônias um sentimento de patriotismo, e o povo de classes diferenciadas da sociedade juntou-se para que fosse exigido o direito de governar a si mesmo.[36]
A ocorrência de incidentes na Europa foi a causa das batalhas independentistas nas colônias localizadas na América Latina.[60] Os reinos da Espanha e de Portugal passavam a entrar em decadência como potências mundiais.[60] Em 1808, a derrubada franco-napoleônica de Fernando VII da Espanha, substituído por seu irmão, José Bonaparte[61] levou os hispano-americanos a reagirem violentamente.[60] Em 1810, exemplificando, a revolta dos mexicanos foi contrária aos governantes espanhóis de José Bonaparte.[62] Os dois líderes da revolta mexicana foram ambos os padres Miguel Hidalgo y Costilla (1753-1811) e José Maria Morelos y Pavón (1765-1815).[62] Também em 1810, Chile foi declarado independente do Reino da Espanha pelos grandes fazendeiros do país andino.[63] Mas perderam das forças espanholas.[60] O Chile foi declarado finalmente independente em 1818, com as forças cujos líderes foram o herói chileno foi Bernardo O'Higgins (1778-1842) e por San Martin.[64]
A tentativa de libertação do país de nascimento de Francisco de Miranda (1750-1816), revoltoso venezuelano, foi infrutífera em 1806 e pela segunda vez em 1811.[65] Simón Bolívar, que seguia Miranda, havia empreendido um novo tipo de campanha em 1813.[55] A luta de seus exércitos, que finalmente venceram no atual distrito peruano de Ayacucho em 1824, foi contrária às forças espanholas por mais de 10 anos.[55] Esta glória libertou o total das colônias do Reino da Espanha na América do Sul.[55]
O Brasil proclamou sua independência de Portugal sem declarar guerra.[66] Em 1808, João VI de Portugal (1767-1826) encontrou refúgio durante a invasão napoleônica em seu país.[67] Voltou a Lisboa 14 anos depois que Napoleão Bonaparte foi derrotado.[60] Seu filho Pedro (1798-1834) foi deixado pelo então rei de Portugal para que governasse o Brasil como regente.[60] Porém, o povo brasileiro, do mesmo modo que os povos que habitavam as colônias do Reino da Espanha, não desejava que os europeus os governassem.[60] Desejava que o Brasil fosse libertado de Portugal.[60] No dia 7 de setembro de 1822, proclamou a independência do Império do Brasil e ascendeu ao trono como Pedro I do Brasil.[66]
Em 1821, a autoridade do Reino da Espanha foi repudiada pelos cidadãos nascidos na América Central.[60] Os rebeldes não resistiram muito, já que as forças do Reino da Espanha eram reduzidas e o partido dos revolucionários foi tomado pelo governador espanhol.[60]
Conflitos regionais[editar | editar código-fonte]
As relações internacionais entre os países fronteiriços latino-americanos foram pontilhadas por um grande quantidade de lutas menos importantes, além de uma grande variedade de guerras.[68] O mais grande desses conflitos foi a Guerra do Paraguai, pela qual os três países da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) e o vilão Paraguai estiveram envolvidos. Seu tempo de duração foi entre 1864 e 1870.[69] O Paraguai alargou suas fronteiras, e isso provocou principalmente as lutas, ainda nos tempos atuais se discutem certas fronteiras do país e esses limites geopolíticos são controversos.[68][70]Nos primeiros anos do século XIX, os problemas que existiam dentre ambas as potências de maior dimensão geopolítica da América do Sul — a Argentina e o Brasil — foram centralizados na área de ocupação do atual Uruguai.[68] Em 1825, desenvolveu-se a guerra entre Brasil e Argentina. Três anos depois o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata reconheceram a área em disputa como país independente, o Uruguai.[68][71]
Em 1932, a Bolívia e o Paraguai guerrearam porque um dos dois países queria se apossar do Gran Chaco.[72] As negociações de paz iniciaram-se em 1935 e, em 1938, um acordo final dava 237 800 km² de extensão territorial em litígio para o Paraguai.[68] Ambos os lados não se satisfizeram.[68]
O Chile batalhou contra a Bolívia e o Peru entre 1879 e 1883, porque o Chile desejava discutir sobre nitratos.[73] A guerra foi vencida pelo Chile, que tomou posse da região a qual era enriquecida de nitrato e que obrigou a Bolívia a deixar o seu litoral antes banhado pelo Pacífico.[73] A partir de então, a Bolívia não é mais banhada por litoral marítimo.[73] O Chile e o Peru debateram por questões limítrofes até o acerto finalizado de sua situação geográfica, em 1929.[68]
Equador e Peru batalharam porque um dos dois países queria se apossar de uma área agreste, não disponível nos mapas, que se estendia do Equador até a região oeste do Brasil.[68] De 1940 até 1941, ambos os países batalharam porque essa região era litigiada.[68][74] O Peru venceu o Equador, que havia anexado quase o território inteiro aos peruanos.[74]
Era contemporânea e integração[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Integração latino-americana
A economia da maior parte dos países da América Latina é dependente, em sua maioria, de produtos agrícolas e minerais exportados para a Europa e os Estados Unidos.[75] Ao contrário, os produtos de importação latino-americanos vindos da Europa e dos EUA são em sua maioria os artigos manufaturados necessários para fins educativos, culturais, midiáticos, medicinais, tecnológicos, etc.[76] Infelizmente, há uma pequena quantidade de intercâmbio comercial entre os países da América Latina, especialmente devido à produção de matérias-primas pela maior parte deles.[74] Mas, depois da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da indústria manufatureira foi rápido em uma grande variedade de países, principalmente na Argentina, no Brasil, no Chile, no México e na Venezuela.[74][77]A industrialização cresceu muito, e isso motivou que diversas conferências fossem realizadas, nos anos 1950, as quais objetivavam ao incremento do intercâmbio comercial dentre os países latino-americanos.[76] Enfim, em fevereiro de 1960, numa reunião que se realizou em Montevidéu, Uruguai, formou-se a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC).[78] O acordo da ALALC foi assinado por sete países, a saber: Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai.[79] Em 1961, Colômbia e Equador entraram para a ALALC.[79] A Venezuela aderiu à ALALC em 1966, e a Bolívia em 1967.[79] Os países signatários permitiram que fosse eliminada a maioria das restrições comerciais dentre eles, incluindo restrições alfandegárias e tarifárias, até 1980.[79] A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) substituiu o sistema em 1980.[80]
Em dezembro de 1960, quatro países da América Central constituíram uma organização parecida. Um tratado de Integração Econômica Centro-Americana foi assinado por El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Em 1963, a Costa Rica aderiu a esta organização denominada, em geral, de Mercado Comum Centro-Americano.[81]
Embora exista uma grande quantidade de problemas, o comércio entre os países da América Latina havia aumentado, sendo influenciado por dois ou três acordos.[74] Exemplificando, o algodão mexicano ou brasileiro está sendo importado pelo Chile, em contrapartida ao algodão que antes seria comprado nos Estados Unidos.[74] O México exporta aço para uma grande variedade de países da América do Sul, e produtos industrializados no Brasil, como máquinas de escrever e computadores, são exportados para o Chile e o Paraguai.[74] Em 1969, um acordo econômico denominado Pacto Andino foi assinado por Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.[82] Os países haviam convencionado que acabassem, até 1980, com as barreiras comerciais dentre eles.[74]
Geografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Geografia da América Latina e Regiões da América Latina
A América Latina está toda localizada no hemisfério ocidental, sendo cortada pelo Trópico de Câncer, o qual atravessa o centro do México, pelo Equador, o qual corta o Brasil, Colômbia, Equador e pelo qual é tocado o norte do Peru; pelo Trópico de Capricórnio, o qual corta o Brasil, o Paraguai, a Argentina e o Chile.[47][83]Está distribuída irregularmente pelos hemisférios norte e sul, devido à extensão da maioria de suas terras ao sul da Linha do Equador.[47][83] Quase todas as terras da América Latina, estão localizadas na zona climática intertropical; uma porção menor está situada na zona temperada do norte e uma área muito grande localiza-se na zona temperada do sul.[47][83] Tem como limites: ao norte, com os Estados Unidos; ao sul; com a junção das águas salgadas dos oceanos Atlântico e Pacífico; a leste, o oceano Atlântico; e a oeste, o oceano Pacífico.[47][83]
Relevo[editar | editar código-fonte]
A mesma ordem de formas de relevo, é apresentada, no sentido norte-sul, em todas as latitudes, pela América Latina.[84][85] Dessa forma, há cinco unidades geomorfológicas mais importantes:[84][85]- Baixadas litorâneas banhadas pelo oceano Pacífico, as quais aparecem muito curtas.[84][85]
- Elevadas cordilheiras constituídas no período terciário, em que aconteceu grande tectonismo, depois que as camadas rochosas dobraram posteriormente, o que fez aparecer as cordilheiras.[84][85]
- As elevadas cordilheiras latino-americanas apresentam altitudes acima de 5 mil metros e picos revestidos por neve e derivam ainda de demais surgimentos de tectonismo, como terremotos, da atividade de uma grande variedade de vulcões, certos dos quais prontificados para que entrem em ação.[84][85]
- No México, a cordilheira é denominada de Sierra e constitui ambas as cristas horizontais (linhas no relevo pelas quais são reunidos os pontos de maior altitude), que recebem o nome de Sierra Madre Ocidental e Sierra Madre Oriental.[84] Na América Central, essa cordilheira é formada por serras, como as de Isabela e Tatamanca.[84] Na América do Sul, aparecem os Andes, cujo ponto culminante é o pico Aconcágua, com 6 959 metros, na Argentina. Assim como na Sierra Madre, cristas, dentre as quais estão localizados planaltos de soerguimento, chamados na região de altiplanos, com altitudes acima a 3 mil metros, são apresentadas pelos Andes.[84][85]
- Grandes planícies banhadas por rios, na América do Sul (Amazônica, do Orinoco, do Magdalena, Platina, do Pantanal ou Chaco, entre outros), que situam-se dentre as cordilheiras ocidentais e os planaltos orientais.[84][85]
- Planaltos de desgaste na porção oriental da América do Sul, cujas altitudes são menores, que pouquíssimas vezes ultrapassam 2 mil metros, devido à formação do relevo regional por pedras de grande antiguidade, de grande desgaste pela erosão e pelas quais não são apresentados surgimentos de tectonismo. Pertencem a este relevo os planaltos das Guianas e Brasileiro, tendo como pontos culminantes os picos da Neblina (3 014 metros), 31 de Março, da Bandeira, das Agulhas Negras, etc.[84][85]
- Baixadas litorâneas banhadas pelo oceano Atlântico, as quais quer são estreitas e somem, possibilitando o aparecimento de falésias ou litorais elevados, quer aparecem muito longas, originando grandes balneários naturais.[84][85]
Clima[editar | editar código-fonte]
Todos os climas regionais são dependentes de uma grande quantidade de fatores: latitude, altitude e relevo disposto, massas de ar, continentalidade, maritimidade, correntes marítimas, entre outros. Uma pequena ou grande latitude determina caso uma região está mais perto ou mais longe do Equador e, assim sendo, caso faça maior ou menor calor. Além disso, por causa do relevo, faixas térmicas diferenciadas, de acordo com a altitude, são possivelmente apresentadas por esta região.[86][87]Baseando-se nisto, é simples a dedução de que em quase o total da América Latina são predominantes temperaturas elevadas e quais essas se reduzem quando se dirigem ao polo Sul. Por esse motivo, a porção sul da América Latina, denominada de Cone Sul, é uma área de verões brandos e invernos gelados.[86][87]
Por ser longamente disposto no sentido norte-sul, fazendo com que o território da América esteja situado em latitudes diferenciadas, ele é climaticamente muito diversificado.[87][86] Na América Latina, sobressaem os climas tropicais, úmidos ou secos, surgindo, em certos pontos, o tropical de altitude. Cercado por essa ampla extensão tropical, há um pedaço de clima equatorial, também grandemente vasto, que se marca por pequena amplitude térmica, temperaturas altas e chuvas permanentes.[87][86] Desde o Trópico de Capricórnio, na América do Sul, os climas predominantes são modificados gradativamente depois que a latitude aumenta, começando a predominar os tipos climáticos temperados e frios.[87][86] A temperatura influi mais sobre a temperatura na porção ocidental, em que faixas de terras quentes, temperadas e frias são apresentadas pelas cordilheiras. Estas faixas desaparecem à proporção que é reduzida a distância relacionada ao polo sul, em que mesmo ao nível do mar já localizam-se regiões continuamente frias.[87][86] Na América Latina, os ventos colaboram para que seja alterado o regime chuvoso e as próprias temperaturas. Em certos países sul-americanos, especialmente nos dos centro-sul, a diminuição térmica embruscada tem muita nitidez durante a chegada da frente fria.[86][87]
As altas temperaturas da região equatorial são atrativos, no inverno, das massas de ar frio, as quais, em geral, causam chuvas e posterior diminuição da temperatura quando ela passa. No verão, no hemisfério sul, as temperaturas de maior elevação acontecem no centro da América do Sul, o que atrai ventos do oceano Atlântico.[86][87]
Como qualquer região em que predomina o clima tropical, vastos contrastes são apresentados pela América Latina: certas áreas de grande umidade e demais de desertos ou semidesertos. As primeiras são frequentes na porção equatorial da América do Sul ou em regiões de litoral. Já as regiões de deserto aparecem acima de tudo no momento em que os ventos de umidade são impedidos de passar para o sertão pelo relevo. Há certos desertos (quantidade menor de 250 mm chuvas ao ano) na América Latina: Mexicano; de Atacama, do Chile ao Peru; e da Patagônia, no sul da Argentina. Regiões de semideserto nos planaltos mexicanos e no polígono das secas, na Região Nordeste do Brasil são apresentadas por essa porção das Américas.[86][87]
Uma quantidade chuvosa muito pequena é recebida por estas regiões de estiagem devido ao seu isolamento litorâneo pelo relevo disposto, dificultando que contatem com os ventos de umidade. O deserto de Atacama constituiu-se porque a corrente marítima de Humboldt influencia, e isso, quando esfria as águas do Pacífico, causa a condensação de nuvens que se saturam de vapor de água em cima do nível do oceano, fazendo elas chegarem secadas no continente.[86][87]
Hidrografia[editar | editar código-fonte]
Como seu relevo é disposto, a maior parte dos rios americanos, e especialmente latino-americanos, drenam no sentido oeste-leste, porque o paredão da cordilheira dos Andes faz eles se dirigirem ao Atlântico.[88]Sendo, geralmente, uma região de grande umidade, a América Latina tem, na maioria de sua extensão, uma grande rede hidrográfica. Sobressaem: na América do Norte, o rio Grande, na fronteira Estados Unidos-México;[89] na América Central, em Honduras, rio Patuca;[90] na América do Sul, em sua parte norte, destacam-se os rios Madalena, na Colômbia, e Orenoco, na Venezuela, que desembocam no mar das Antilhas e pelos quais é banhada uma importante região agropecuária da fachada norte do continente, bem como demais rios principais os quais são projetados em suas porções central e sul, como o grande Amazonas e os rios Paraná, Paraguai e Uruguai, os quais compõem a bacia Platina, desembocando totalmente no oceano Atlântico.[88][91]
Ao contrário da América do Norte, imensos lagos não são apresentados pela América Latina, no entanto, essa região tem numerosas lagoas em seu litoral, acima de tudo na vertente do Atlântico, como a lagoa dos Patos, no Brasil, lagoas de inundação nas planícies Amazônica e do Orenoco; e lagos de altitude, como o Titicaca, do Peru até a Bolívia.[88][91]
Vegetação[editar | editar código-fonte]
A maioria da vegetação a qual cobria a América Latina até o século XVI desapareceu.[92] Porém os países mais antigos desmatavam áreas consideradas "mato" na Idade Média para ocupar e ampliar as áreas férteis e já desmatavam as terras desocupadas desde tempos antigos, já que a maioria do território brasileiro ainda é coberto por matas nativas e a grande parte do território dos Estados Unidos é coberto por florestas nativas e o percentual é o mesmo desde o século XIX, o desmatamento trouxe mais áreas agrícolas, mas não trouxe enriquecimento econômico, que só aconteceu após a Revolução Industrial[93][94], porém desde 1970, muito tempo após a industrialização do continente europeu, passaram a recuperar as florestas desmatadas na época anterior as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, porém a exceção ao desmatamento do território no Velho Mundo e na Ásia é o Japão, onde 68% da vegetação ainda está preservada e possui uma densidade populacional maior que da América Latina[95][96][97]. Só se preservou a cobertura vegetal nos lugares de pouco interesse econômico ou em regiões de relevo íngreme, no entanto, de qualquer forma, é de grande facilidade a reconstituição da vegetação original, porque ela resultou do clima e do tipo de solo em que foi desenvolvida. Dessa forma, podem ser identificadas na região:[92][98]- Vegetação de clima equatorial: florestas da Amazônia e de parte da América Central. São florestas entrelaçadas, constituídas por árvores de vários comprimentos, de folhas longas, revestidas e rodeadas por muitas trepadeiras e vegetações diversificadas, de tal modo espessas que até mesmo a luz solar não consegue passar por elas.[92][98]
- Vegetação de clima tropical: Florestas ou savanas, na maioria da América Central e nas porções norte e central da América do Sul. Espessas e entrelaçadas florestas recobrem as regiões de maior umidade; nas áreas de menor umidade, destaca-se a savana, formada por árvores de pouco comprimento e arbustos que se associam a uma formação vegetal rasteira, como o cerrado no Brasil, os lhanos na Venezuela e o chaco na Argentina e no Paraguai. Nas regiões tropicais semiáridas surge uma formação vegetal ainda mais pouco densa, por exemplo, a caatinga brasileira.[92][98]
- Vegetação de clima temperado: Florestas temperadas ou subtropicais e pampas na Argentina, no Uruguai, Chile e região Sul do Brasil. As primeiras são florestas de araucárias que, em geral, se associam a demais espécies; os pampas formam uma região de formação vegetal rasteira, boa pastagem orgânica.[92][98]
- Vegetação de clima frio: Coníferas no sul da Argentina e do Chile. É uma floresta arbórea, com plantas pelas quais são apresentadas folhas mais endurecidas e pontudas (aciculifoliadas).[92][98]
- Vegetação de altas montanhas: Nos Andes, a formação vegetal varia por causa das altas montanhas, as quais causam temperaturas menores e pouquíssimas chuvas.[92][98]
- Vegetação de clima desértico: Formada especialmente por arbustos e xerófitas, é caracterizada por ser uma vegetação bem espalhada. As punas do deserto de Atacama, no Chile e no Peru, destacam-se entre os outros desertos da América Latina, porque a altitude do relevo faz com que sua área de ocorrência seja um deserto gelado.[92][98]
Demografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Demografia da América Latina
Muitas e diversas culturas são apresentadas pela América Latina, por causa da mistura de línguas, etnias e costumes.[99] Apesar do predomínio do espanhol como língua oficial dos países da América Latina,[100] são falados também português,[100] francês[100] e, em certas regiões, até mesmo inglês[101] e neerlandês.[102] Existem também muitas línguas nativas, merecendo destaque o quíchua, legado dos incas e idioma que se fala no Peru, Equador, Bolívia e Argentina.[100]A etnia dos habitantes da América Latina é muito variável de país a país.[103] Apesar da intensidade da mestiçagem, existem nações em que a maior parte dos habitantes é branca (Argentina[104] e Uruguai),[105] demais em que quase o total dos habitantes é de origem negra (Haiti,[106] República Dominicana,[107]) e certas onde está fortemente presente o sangue índio (Peru,[108] Bolívia,[109] México,[110] Equador[111] e Paraguai).[112]
Existem países mestiços de verdade (Colômbia[113] e Venezuela)[114] e demais como o Brasil, no qual há regiões de população com predomínio de brancos e demais pelas quais a maior parte de negros, mestiços ou índios é apresentada.[115]
Em 2016, foi feita uma pesquisa que mostra que a maioria da população da América Latina é descendente de nobres. De acordo com o estudo, entre os séculos XV e XVI vieram muitas pessoas que pertenciam às elites do Império Espanhol e do Império Português que vieram para contribuir para a formação da América Latina.[116]
Religiões[editar | editar código-fonte]
A maioria da população professa o catolicismo romano, mas em alguma parte desses países latino-americanos é crescente o número de protestantes, popularmente chamados no Brasil como evangélicos.[117] Há também minorias de judeus, muçulmanos, hinduístas, budistas, espíritas — já que o Brasil é o país com o maior número de adeptos dessa religião —, e praticantes de cultos afro-brasileiros.[117]Um pesquisa realizada em toda a América Latina, divulgada em 2014 relatou que o número de protestantes na região já chegava a 19% da população latino-americana, enquanto os católicos estariam em 69%.[118]
Idiomas[editar | editar código-fonte]
O Espanhol é o idioma predominante da vasta maioria dos países latino-americanos. O Português é a língua oficial somente do Brasil, porém é falada por mais de 34% da população da América Latina; e o Francês é falado no Haiti, em algumas ilhas do Caribe e na Guiana Francesa. Ainda há o neerlandês, falado em ilhas caribenhas e no Suriname; todavia, o neerlandês não é uma língua latina e, sim, germânica. Portanto, sob este aspecto, a inclusão destes países na América Latina é controversa.Em diversas nações, principalmente as caribenhas, existem os idiomas crioulos, que derivam de línguas europeias e línguas nativas do país, antes da colonização. Em outras, existe uma grande quantidade de falantes das línguas indígenas, como o México, o Peru, a Guatemala e o Paraguai. Nestes casos, é comum os governos nacionais ou regionais reconhecerem estes idiomas não-europeus como idiomas oficiais, ao lado do idioma europeu predominante. Por exemplo, o Quíchua é reconhecido no Peru como idioma oficial, ao lado do Espanhol. O Guarani também é idioma oficial no Paraguai juntamente com o Espanhol.
Afora os idiomas nativos e os idiomas europeus predominantes, existem idiomas de comunidades europeias, que migraram para a América do Sul depois do século XIX.
Problemas sócio-econômicos[editar | editar código-fonte]
Politicamente, a América Latina não é uniformemente apresentada em consideração aos seus aspectos humanos. Há muitos anos, a região era politicamente instável. Mas nos anos 1980, uma grande variedade de países passou por um período de ditaduras militares e, atualmente, há eleições livres em quase a América Latina inteira, apesar da existência de focos tensos em certos países onde grupos de tendências políticas de oposição rivalizam pelo poder.[119]Os países da América Latina, em sua totalidade, são subdesenvolvidos, apesar de certas nações serem industrialmente e tecnologicamente avançadas, sendo que o capital transnacional controla a maior parte de tudo isso, como é o caso do Brasil, México e Argentina. Mas a economia da maior parte dos países da América Latina é a agricultura que se baseia nas técnicas primitivas e numa distribuição desigual de terras, pela qual os grandes fazendeiros são privilegiados.[119]
Estigmatizada por uma grande quantidade de diferenças entre seus países formadores (grupos étnicos, dialetos, corrupção política, infraestrutura, criminalidade, etc.), entendemos que a importância da expressão "América Latina" está mais para que seja distinta, no continente americano, a parte subdesenvolvida da porção rica e industrializada do que para que fosse salientada uma noção unitária.[119]
Política[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Integração latino-americana
Países[editar | editar código-fonte]
Consolidação política[editar | editar código-fonte]
Durante o colonialismo, eram obedecidos pelos cidadãos da América Latina as leis que os monarcas distantes aprovaram e quase não podiam discutir seus próprios assuntos. Como revolta, foram criados pelos latino-americanos seus próprios países, eram politicamente menos experientes. Por líderes que tiveram sensatez, como Simón Bolívar, não era considerado com prudência o estabelecimento de repúblicas na América Latina. O argumento dos líderes sensatos era de que o povo não era experiente em autogoverno. Porém, entre o México e a Argentina, a impetuosidade dos patriotas tinha visto o rumo da Revolução Francesa e da Revolução Americana. O desejo dos patriotas impetuosos era um governo republicano, com a esperança de acompanhamento do mesmo rumo. Para melhor entedimento dos problemas políticos da Amêrica Latina o importante é um pouco de conhecimento da história de certos países.[60]Até 1829, a Argentina era sucedida por governos fracos.[60] Naquele ano, por Juan Manuel de Rosas (1793-1877), um rico proprietário de terras que liderava o seu próprio exército, foi assumido o poder e o político foi tornado ditador. Em 1852, houve a revolta da população contra Rosas e seu poderio foi derrubado. A partir de então, os milionários controlavam muitas partes da vida do país. Pela desonestidade das eleições e pelos militares revoltosos eram, acompanhadamente, colocados governantes autoritários na presidência. Na Argentina foi eleito o presidente Raúl Alfonsín em eleições diretas, voltando o país à democracia.[60]
No Brasil, após a derrubada do Governo de Portugal em 1822, foi instituída pelo povo uma monarquia constitucional sendo chefe de Estado o imperador Pedro I.[68][121] Entretanto, Dom Pedro perdeu a confiança do povo brasileiro porque seu governo foi um desastre.[68] Em 1831, houve a abdicação do trono por Dom Pedro I favorecendo seu descendente, Pedro II (1825-1891).[122] Por aproximadamente uma cinquentena de anos, durante o reinado de Pedro II, foi usufruído pelos brasileiros, em muitas partes, um governo representativo.[123] O povo brasileiro foi adquirindo experiência de governo, como auxílio político ao país.[68] Em 1888, ainda no final do Segundo Reinado, foi abolida a escravidão no Brasil.[124] A união dos fazendeiros com as forças oposicionistas foi responsável pela obrigação da abdicação do trono de Dom Pedro em 1889.[68] Então, foi proclamada a república no Brasil.[125] Porém, à exceção pelo intervalo de tempo que vai de 1898 até 1910, o Brasil foi um país no qual quem quase sempre governou foram presidentes autoritários.[68] A constituição de 1946 restabeleceu a totalidade da democracia.[126] Em 1964, foi instituído pela Ditadura Militar de 1964 no país um governo de exceção, que terminou em 1985, com a eleição de Tancredo Neves, morto antes da posse, sendo substituído pelo seu vice, José Sarney.[68][127]
No Chile, foi mantido pelos donos de terras o fato de controlarem o governo por cerca de 100 anos após o país ser proclamado independente.[68] Com a constituição de 1833 foram estabelecidas eleições livres.[128] O governo, porém, aprovou uma lei cujas exigências eram as propriedades dos eleitores e a sua alfabetização.[68] O resultado da lei era a falta de direito do povo ao voto até a abolição do fato de o governo exigir propriedade, em 1874.[68] Em 1920, houve a união dos partidos políticos onde eram incluídos como membros agricultores e operários.[68] Os agricultores e operários venceram a maioria dos votos válidos das eleições naquele ano e mantiveram sua força política.[68] Durante quase todo o século XX o Chile elegeu governos civis.[68][129] Em 1970, o Chile foi o primeiro país do hemisfério ocidental que elegeu, por livre e espontânea vontade, um presidente que tinha o marxismo como ideologia política.[130] Em 1973, pela primeira vez em aproximadamente 45 anos, houve a subida dos líderes militares ao poder no Chile.[68][130]
Durante os primeiros tempos da história da república no México, os líderes militares lutaram violentamente pelo poder.[68] Foi a chamada Revolução Mexicana, cujo tempo de duração foi de dez anos, de 1910 a 1920, que levou a reformar muitas coisas do país, inclusive a de um programa do governo que redistribuía terras.[131] A partir de 1934, a estabilidade dos governos já promove o fato de o país progredir, realizando melhorias nas condições da sociedade e da economia.[68]
Ditaduras têm tido muita frequência em repúblicas centro-americanas, exceto Costa Rica, que, há muitos anos, seu governo tem estabilidade e constitucionalidade.[68]
Nas Antilhas, a forma de governo de Cuba é uma república comunista,[132] e, no Haiti, a política tem violência e lutas assinaladas com pontos.[68] Na República Dominicana, o governo ditatorial do general Rafael Trujillo Molina foi entre 1930 e 1961, ano em que ocorreu seu assassinato.[133] Nos locais onde não há voto popular em seus representantes por meio de eleições livres, o governo muda muito, geralmente, pela força.[68] Na maioria dos países da América Latina, é determinado pelas forças armadas, de maneira frequente, aquele que será o governante de seus países.[68] Isto já ocorreu na maioria das nações, incluindo a Bolívia, o Equador, Honduras, o Paraguai, o Peru, a Argentina e a Venezuela.[68]
Relações internacionais[editar | editar código-fonte]
Simón Bolivar compreendeu a importância de se reunirem representantes das Américas.[134] Em 1826, convocou uma conferência que visava reunir todas as novas repúblicas latino-americanas sob um só governo.[134] Mas as nações não concordaram.[134] Por mais de 60 anos, certas desconfianças nacionalistas impediram que as repúblicas tomassem qualquer medida para uma cooperação internacional.[74]Finalmente, em 1890, os Estados Unidos e as repúblicas latino-americanas formaram a União Internacional das Repúblicas Americanas.[135] Esta organização criou o Escritório Comercial das Repúblicas Americanas, que, em 1910, teve seu nome mudado para União Pan-Americana.[136] O propósito da União Pan-Americana era estreitar as relações econômicas, culturais e políticas entre os países participantes.[74] No início do século XX, foram realizadas várias reuniões.[74] Em 1933, em Montevidéu, no Uruguai, os países-membros comprometeram-se a não interferir nos assuntos internos uns dos outros.[137] Em 1936, em Buenos Aires, na Argentina, comprometeram-se a manter a paz no hemisfério ocidental.[74]
Durante a Segunda Guerra Mundial, as repúblicas latino-americanas fixaram uma posição comum contra a Alemanha, a Itália e o Japão.[74] Em 1947, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, ou Tratado do Rio de Janeiro, declarava que os Estados Unidos, e 19 países latino-americanos resolveriam seus problemas pacificamente e que a agressão armada contra um deles seria considerada como agressão contra todos eles.[138] Apenas a Nicarágua foi excluída, porque a maioria das outras nações não reconhecia o seu governo.[74]
A Organização dos Estados Americanos (OEA) foi criada na nona Conferencia Pan-Americana, realizada em Bogotá, na Colômbia, em 1948.[135] Iniciaimente era constituída por 20 repúblicas latino-americanas e os Estados Unidos.[135] Em 1962, Cuba, por ter um govemo comunista, foi expulsa.[139] Neste mesmo ano, os países da OEA, apoiaram o bloqueio dos Estados Unidos para impedir o desembarque de mísseis russos em Cuba.[74][140][141] Em 1964, a OEA serviu de mediador na polêmica entre Estados Unidos e Panamá sobre as condições na Zona do Canal do Panamá.[142] A OEA procura encontrar soluções pacíficas para todos os problemas surgidos entre seus membros, além de defender os princípios de justiça social, cooperação econômica e igualdade entre os homens, independente de raça, nacionalidade ou credo.[140] Em 1970, a União Pan-Americana passou a chamar-se Secretariado Geral da OEA.[140]
Estados Unidos[editar | editar código-fonte]
Os Estados Unidos tomaram sua primeira posição importante nos assuntos relacionados com o hemisfério ocidental quando formularam a Doutrina Monroe, em 1823.[143] A Doutrina Monroe colocava as nações latino-americanas sob a proteção dos Estados Unidos.[140] Durante muitos anos, a doutrina causou ressentimentos na América Latina.[140]Este ressentimento diminuiu um pouco na Conferência Pan-Americana de 1933.[144] Todas as nações assinaram um pacto comprometendo-se a respeitar a Política da Boa Vizinhança apresentada por Franklin Delano Roosevelt.[144] Era um tratado de não-interferência que também previa um programa de intercâmbio de professores, estudantes, líderes culturais, conferencistas e tecnocratas.[140] Os Estados Unidos enviaram vários profissionais das áreas tecnológicas à América Latina para ajudá-la a desenvolver seus sistemas de agricultura, indústria e educação, e a melhorar os serviços de saúde.[140]
Em 3 de março de 1961, o presidente John F. Kennedy, dos Estados Unidos, lançou a ideia de um programa de cooperação multilateral destinado a acelerar o desenvolvimento econômico, cultural e social da América Latina.[145] No dia 17 de agosto do mesmo ano, as nações latino-americanas aprovaram a iniciativa do presidente Kennedy e deram-lhe o nome de Aliança para o Progresso. A Aliança foi aprovada em reunião realizada em Punta del Este, no Uruguai. O programa inicial da Aliança para o Progresso, previsto para dez anos (1961-1971) contava com um empréstimo de 20 bilhões de dólares dos Estados Unidos aos países da América Latina.[146] Este empréstimo deveria ser utilizado principalmente em cinco áreas:[140][145] incentivo aos programas de reforma agrária;[145] construção de habitações populares mas de boa qualidade;[145] redução da mortalidade infantil;[145] distribuição equitativa da renda nacional;[145] erradicação do analfabetismo.[145] Por volta de 1970, muitos países latino-americanos já haviam iniciado seus programas de reformas econômicas e sociais, mas pouco havia sido feito para melhorar os níveis de vida.[140]
Outros países[editar | editar código-fonte]
As relações do Reino Unido com a América Latina foram quase que exclusivamente comerciais.[140] Houve disputas de menor importância com alguns países latino-americanos,[140] mas nunca a Grã-Bretanha tentou estender suas possessões além de Belize, da Guiana Inglesa (hoje Guiana independente), das ilhas Falkland, e de algumas ilhas das Antilhas.[147] Os ingleses investiram somas vultosas na América Latina em fábricas de enlatados, utilidades públicas e estradas de ferro, no século XIX e início do século XX.[140]As relações com a França foram, principalmente, de caráter cultural.[148] Alguns latino-americanos, em especial os argentinos, buscavam em Paris inspiração para sua arte.[140] Mas a França pouco participou da vida política das repúblicas, exceto por um breve espaço de tempo, na década de 1860.[140] Naquela ocasião, Napoleão III enviou um exército ao México e fez de Maximiliano imperador do México. Entre 1864 e 1867, os mexicanos derrotaram os franceses e executaram Maximiliano.[140][149]
Na Primeira Guerra Mundial, Brasil, Costa Rica, Cuba, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua e Panamá, declararam guerra à Alemanha.[150] Apenas o Brasil, porém, enviou um contingente de tropas para a frente de batalha.[151] Três outros países cortaram relações diplomáticas com a Alemanha, mas a Argentina e outras oito nações permaneceram neutras.[152] Após a guerra, a maioria dos países latino-americanos ingressou na Liga das Nações.[140][153]
Na Segunda Guerra Mundial, os latino-americanos recrutaram soldados para dar apoio aos Estados Unidos depois que o Japão atacou a base norte-americana de Pearl Harbor, Havaí, em dezembro de 1941.[154][155] Todos declararam guerra às forças do Eixo, embora somente Brasil e México tenham fornecido tropas aos Aliados.[156] Os países latino-americanos tomaram-se membros das Nações Unidas.[157] Formam um dos grupos mais fortes na Assembleia Geral das Nações Unidas.[140]
Economia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Economia da América Latina
A maior ou menor presença de população ativa no setor primário é um dos elementos que caracterizam o grau de desenvolvimento de uma região. Considerando que a América Latina reúne países em desenvolvimento (a exceção é o Haiti, o único país da região considerado subdesenvolvido), é natural que grande parte da população ocupa o setor primário. Somente alguns países apresentam significativas parcelas da população economicamente ativa no setor secundário. Mas, é o setor terciário que mais tem crescido em quase todos os países latino-americanos.[158]Extrativismo e agropecuária[editar | editar código-fonte]
A caça, como base econômica de sobrevivência, é praticada na América somente por esparsos grupos indígenas em via de integração. A pesca, além de atividade econômica de valor regional para todos os países que apresentam extensões litorâneas, tem especial importância para o Peru,[159] maior exportador de pescado da América Latina,[160] embora o Chile seja o maior produtor.[161]O extrativismo vegetal aparece sempre como atividade complementar da agricultura e da pecuária, merecendo destaque a extração do látex da seringueira, em toda a Floresta Amazônica (Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia); do quebracho, no Pantanal (Argentina,[162] Paraguai[163] e Brasil); de madeira, em quase toda a América Central, Brasil[164] e Chile;[165] e ainda de babaçu e carnaúba, no Brasil.[166]
O extrativismo mineral tem considerável importância em praticamente todos os países latino-americanos, ainda que muitas vezes a exploração seja realizada graças a capitais estrangeiros. Na extração do petróleo, possuem grande destaque México,[167] Venezuela,[168] Brasil,[169] Argentina,[170] Colômbia[171] e Equador.[172]
O Brasil é o segundo produtor mundial de ferro;[173] o Chile,[174] o Peru,[175] sendo o Chile o maior produtor do mundo;[176] o Brasil é um dos cinco maiores produtores mundiais de manganês,[177] além de grande produtor de estanho, minério do qual a Bolívia é grande exportadora.[178]
A América Latina destaca-se ainda por sua produção de chumbo (Peru[179] e México[180]), níquel (Cuba[181]), prata (México[182] e Peru[183]), zinco (Peru[183]), bauxita (Brasil[184] e Venezuela[185]) e platina (Colômbia[186]).
A América Latina, que inclui essencialmente países subdesenvolvidos, de maneira geral é pouco industrializada, ficando sua economia subordinada à agropecuária e à mineração. Mesmo com essa dependência agrícola, a maior parte de suas terras é cultivada de forma extensiva e possui um reduzido PIB per capita.[187] Em muitos países, a atividade agrícola ainda se desenvolve segundo os moldes do período colonial: grandes propriedades, pertencentes a poucas famílias, cuja produção se destina quase integralmente ao mercado externo. Devido principalmente à concentração das terras mais férteis nas mãos de poucos proprietários e ao grande número de agricultores sem terras para cultivar,[187][188] surgiram nessas áreas muitos conflitos fundiários,[188] o que originou projetos de reforma agrária que visam à distribuição mais igualitária da terra,[188] em países como México,[189] Bolívia,[190] Chile,[191] Peru[192] e Cuba.[193]
Em todos os países da América Latina é possível identificar basicamente dois tipos de agricultura: a de subsistência,[195] praticada com o uso de técnicas primitivas, e a de caráter comercial, em geral monoculturas realizadas em grandes extensões de terra e, com frequência, dependentes de investimentos estrangeiros. Como exemplos característicos desse sistema, podemos citar o café,[196] responsável por uma parte substancial das rendas de exportação da Colômbia,[197] Costa Rica,[198] Guatemala[199] e El Salvador,[200] e a banana, com igual importância para o Panamá[201] e Honduras,[202] além de outros produtos de menor expressão.[188]
A pecuária, atividade de grande destaque na América Latina,[195] é praticada em todos os países, ainda que de formas diferentes. A pecuária extensiva é realizada em grandes propriedades e sem o emprego de técnicas especiais; já na intensiva, utilizam-se técnicas de seleção do plantio, isto é, animais de boa raça, e cultivam-se pastagens.[188] Os rebanhos mais numerosos na América latina, pela ordem, são os de bovinos, suínos e ovinos. Brasil, Argentina e México são os países que possuem a maior quantidade de cabeças de gado.[188]
Significativa parte do desenvolvimento da agropecuária de alguns países, especialmente Brasil, Argentina e Uruguai, deve-se às cooperativas agropecuárias desses países, organizadas a partir do início do Século XX.[203] Hoje elas detém sigifica parcela da economia agropecuária e são responsáveis pela organização da produção, pela armazenagem, processamento e comercialização de muitos produtos, especialmente leite, suínos, aves, soja, milho, trigo, arroz e algodão, entre outros.[203] As cooperativas voltadas à produção de grãos, a partir da década de 1970, passaram a investir no processamento da produção, inicialmente no esmagamento da soja para produção de óleo degomado, depois no seu refino e, mais tarde, na produção de produtos destinados ao varejo, como óleo comestível, margarinas, maioneses e outros.[203] As cooperativas também investiram pesadamente na organização da produção de aves e suínos, no seu processamento e comercialização nos mercados interno e externo.[203]
A consequência dessa atuação foi a ampliação da produção, o enriquecimento das comunidades do interior e a agregação de valor à produção.[203] O mais importante de tudo, no entanto, é que essa atuação das cooperativas propiciou a contínua e crescente libertação dos agricultores associados do jugo da intermediação na comercialização da produção.[203] Embora o sistema cooperativista tenha vivenciado, também, crises de várias cooperativas em vários estados, por razões as mais diversas, os benefícios das cooperativas sobrevivente são infinitamente maiores do que os problemas que atravessaram.[203] No Brasil, as cooperativas agropecuárias estão mais presentes nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, que são as principais regiões agrícolas.[203]
Indústria e comércio[editar | editar código-fonte]
Na América Latina, são apenas três países que se destacam pela produção industrial: Brasil,[205] Argentina,[206] México[207] e, em menor escala o Chile.[208] Iniciada tardiamente, a industrialização desses países tomou grande impulso a partir da Segunda Guerra Mundial:[209] esta impediu os países em guerra de comprar os produtos que estavam habituados a importar e de exportar o que produziam.[210]Nessa época, beneficiando-se das abundantes matérias-primas locais, dos baixos salários pagos à mão-de-obra e de uma certa especialização trazida pelos imigrantes, países como Brasil,[205] México[207] e Argentina,[206] além de Venezuela,[211] Chile,[208] Colômbia[212] e Peru,[213] puderam implantar expressivos parques industriais.[210] De maneira geral, nesses países sobressaem indústrias que exigem pouco capital e tecnologia simples para sua instalação, como as indústrias de beneficiamento de produtos alimentícios e têxteis.[210] Destacam-se também as indústrias de base (siderúrgicas, etc.), além das metalúrgicas e mecânicas.[210]
Os parques industriais brasileiro, mexicano, argentino e chileno apresentam, contudo, uma diversidade e sofisticação muito maiores, produzindo artigos de avançada tecnologia.[210] Nos demais países latino-americanos, principalmente da América Central, predominam indústrias de beneficiamento de produtos primários para exportação.[210]
A porcentagem de população ativa empregada no setor terciário depende bastante do nível de desenvolvimento de cada país. É maior nas nações latinas mais industrializadas - Brasil,[214] Argentina,[170] Colômbia[215] e México[216] -, reduzindo-se nos demais países.[210] Assim, a atividade comercial, que é a mais importante desse setor, apresenta pesos diferentes conforme o país, ainda que constitua uma importante fonte de recursos.[210]
As exportações da maior parte dos países da América Latina ainda se apóiam em produtos naturais, cujos preços no mercado internacional oscilam muito, não representando grande aumento de divisas. Um dos fatores que criam sérias dificuldades ao desenvolvimento econômico e à integração social da América Latina é a relativa carência de vias de transporte em boas condições de uso.[210]
As dificuldades impostas pelo relevo; a tropicalidade dominante do clima, caracterizada por chuvas freqüentes; o predomínio de rios de planalto, dificultando a navegação; e a densidade da vegetação, quase intransponível em certos trechos, são fatores naturais que têm de ser vencidos. Mas é principalmente a ausência de recursos financeiros para a construção de modernos portos, grandes rodovias, comportas fluviais ou aeroportos modernos, que impede que essa parte do continente apresente uma densa malha de circulação.[210]
Entre os países latino-americanos, os mais industrializados são, naturalmente, os mais bem servidos nessa área, ainda que em todos eles haja grandes deficiências quanto aos meios de transporte.[210]
Na região mais densamente povoada da América do Sul e servida pela bacia dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai (bacia Platina) vem sendo desenvolvida uma hidrovia que fará a interligação fluvial entre os quatro países do sudeste do continente.[210]
Cultura[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Literatura da América Latina e Música da América Latina
A literatura latino-americana inclui as obras de escritores dos países americanos de língua espanhola e do Brasil.[217]A maioria dos compositores latino-americanos copiou o estilo musical europeu até o final do século XIX, quando criaram seu próprio estilo. O compositor brasileiro Antônio Carlos Gomes (1839-1896) usou temas indígenas em sua ópera O Guarani. O mesmo fizeram, posteriormente, outros compositores, inclusive o chileno Carlos Lavín, o peruano Daniel Alomías Robles (1871-1942), e o guatemalteco Jesús Castillo (1877-1946).[217]
Na Bolívia, Equador, México, Peru e outros países latino-americanos parte da música mais característica vem diretamente dos índios. Parte da música latino-americana também mistura tristes melodias indígenas com alegres canções espanholas. O resultado é chamado música mestiça. Portugueses, índios e negros influenciaram a música no Brasil. No Caribe, a música negra e espanhola misturou-se para produzir a rumba e outras músicas típicas.[217]
O público de todo o mundo aprecia a música de compositores latino-americanos de destaque, como o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e o mexicano Carlos Chávez (1899-1978). Entre outros compositores importantes destacam-se: Alberto Williams (1862-1952), da Argentina, Enrique Soro (1884-1954) e Domingo Santa Cruz Wilson (1899-1987), do Chile, Manuel Ponce (1882-1948), do México, e Eduardo Fabini, do Uruguai. Os pianistas Guiomar Novaes (1895-1979), do Brasil, Claudio Arrau (1903-1991), do Chile, e a cantora de ópera Bidu Sayão (1902-1999), do Brasil, também atingiram fama internacional.[217]
Muitas canções folclóricas latino-americanas servem tanto para cantar como para dançar. A América Latina tem muitas danças alegres e pitorescas, além dos famosos tango, rumba e samba. Uma delas é o pericón, da Argentina e Uruguai, em que diversos pares dançam em círculo. Há também o maxixe, a ciranda, o frevo, o coco e outras do Brasil. Durante o carnaval, os latino-americanos freqüentemente constroem tablados para dançar nos jardins e praças públicas, além de isolarem certas ruas com cordas, com a mesma finalidade. Esta forma de expressão é uma parte importante da vida na América Latina. Os índios e negros que vivem no interior têm suas próprias danças que, quase sempre, são de caráter religioso. As danças formam uma parte importante dos festejos dos feriados.[217]
Belas artes[editar | editar código-fonte]
Os espanhóis incentivaram a arte logo após a conquista da América Latina. Abriram uma escola de arte na Cidade do México, em 1530 e, logo após, uma outra em Quito, no Equador. Durante o período colonial, os artistas geralmente pintavam quadros sobre temas religiosos. Depois que as nações latino-americanas tornaram-se independentes, muitos artistas foram para a Europa aperfeiçoar seus estudos. Até meados do século XX, perdurou uma fase de imitação dos estilos europeus. Foi então que os artistas latino-americanos voltaram-se para temas americanos e criaram seus próprios estilos.[218]O pintor argentino Prilidiano Pueyrredón (1823-1870) tomou-se famoso pelos quadros que retratavam a vida dos gaúchos. Os murais revolucionários de Diego Rivera (1886-1957), José Clemente Orozco (1883-1949), e David Alfaro Siqueiros (1898-1974) expressam a história do México e a luta da humanidade pela liberdade. Camilo Blas (1903-1985) e Júlia Codesido (1892-1979) pintam cenas peruanas. Um importante grupo do Haiti baseia seus trabalhos no folclore e na vida diária dos negros.[218]
O artista brasileiro Cândido Portinari (1903-1962) pintava cenas que retratam o brasileiro comum, o povo. Há um mural de sua autoria no edifício da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque.[218] Muitos índios da América Latina eram excelentes escultores muito antes que os brancos chegassem ao hemisfério ocidental. Painéis esculpidos na pedra e imensas colunas com formas de serpentes ou de figuras humanas decoram antigas edificações índias, em muitas partes da América Latina. Os trabalhos mais importantes do período colonial foram as esculturas em pedra e as imagens religiosas esculpidas em madeira e pintadas em dourado, que eram usadas para decorar as igrejas. O escultor e arquiteto brasileiro Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), que tinha a alcunha de "O Aleijadinho", foi o criador de excelentes esculturas durante este período. Atualmente, o trabalho da escultora boliviana Marina Núñez del Prado (1910-1995) está entre o que há de melhor na América Latina.[218]
Ainda existem, na América Latina, edificações erguidas por arquitetos índios centenas de anos antes da conquista europeia. Os astecas, toltecas e maias construíram grandes templos de pedra no topo de enormes pirâmides no México e na América Central. Os incas eram excelentes construtores. Suas edificações na Améríca do Sul são tão resistentes que até hoje mantêm-se firmes, suportando violentos terremotos que causam graves danos a edifícios modernos. As igrejas e catedrais, geralmente construídas no trabalhado estilo espanhol dos séculos XVII e XVIII, representam a arquitetura mais importante do período colonial da América Latina, O brasileiro Oscar Niemeyer (1907-2012) projetou muitos edifícios notáveis, no Brasil, desde 1937. Foi o principal arquiteto-projetista das edificações de Brasília.[218] Muito antes da chegada de Cristóvão Colombo à América, os índios da América Latina já eram excelentes artesãos em barro, metal e tecelagem. Ainda fazem coloridas peças de cerâmica e artigos tecidos à mão, além de peças em cobre, prata e estanho.[218]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Continentes e regiões[editar | editar código-fonte]
História[editar | editar código-fonte]
- Agustín de Itúrbide
- Astecas
- Chibchas
- Cristóvão Colombo
- Era dos Descobrimentos
- Escravidão na América Latina
- Fernão de Magalhães
- Francisco Morazán
- Francisco Pizarro
- Guerra Hispano-Americana
- Incas
- José de San Martín
- Maias
- Pedro Álvares Cabral
- Simon Bolívar
- Toltecas
Economia[editar | editar código-fonte]
- Lista de países latino-americanos por PIB PPC
- Lista de países da América Latina e Caribe por crescimento do PIB
- Lista de países da América Latina e Caribe por índice de inflação
Relações internacionais[editar | editar código-fonte]
- Aliança para o Progresso
- Guerra do Chaco
- Guantánamo
- Doutrina Monroe
- Canal do Panamá
- Franklin Delano Roosevelt
- Mercosul
- Política da Boa Vizinhança
- Organização dos Estados Americanos
- Sistema Econômico Latino-Americano
- Parlamento Latino-americano
- União de Nações Sul-Americanas
Miscelânea[editar | editar código-fonte]
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Artigo: "A invenção da América Latina" (Héctor H. Bruit, historiador) (em português)
- Associação Nacional de Pesquisadores de História Latino-Americana e Caribenha (Brasil) (em português)
- A Economia da América Latina (em português)
- Casa da América Latina (em português)
- Latin American Network Information Center (em português)
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Antunes, Celso (1997). Geografia e participação. Américas e regiões polares. 3 2 ed. São Paulo: Scipione. p. 48–88. ISBN 8526227416
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