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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Mateus 7 e o Julgamento Cristão




 3 comentários terça-feira, setembro 21, 2010, Postado por Yago Martins





Creio que o texto áureo para atacar a prática do julgamento é Mateus 7, quando Jesus diz: "Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7:1). Lendo esse verso, temos a impressão de que não devemos nunca julgar, não é mesmo? Mas, quando continuamos lendo, percebemos que há algo mais profundo em jogo:





”Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão" (Mt 7:2-5).


Responda: Cristo está proibindo todo e qualquer tipo de julgamento? O contexto deixa claro que não. Observemos como Cristo encerra sua declaração sobre julgamento: “tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão". Cristo está ensinando que, a partir do momento que eu tiro a trave do meu olho, eu posso, sim, retirar o cisco do olho de meu irmão. Ou seja, a partir do momento em que não ajo hipocritamente, eu posso, sim, julgar. Então, qual é o tipo de julgamento que Cristo está proibindo? Acredito que é o julgamento hipócrita.


Para deixar isso mais claro, vejamos o que Cristo diz após aparentemente proibir o julgamento: ”Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?”. Cristo está repreendendo os judeus contra a hipocrisia presente nos julgamentos deles e é exatamente esse julgamento que Cristo proíbe. Além de que, se todo julgamento estivesse sendo proibido por Jesus, Ele mesmo estaria em erro por julgar os fariseus como hipócritas na mesma passagem, caindo na condenação de Romanos: “Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (2:1).


Muitos podem concordar que devemos, com certeza, julgar doutrinas (1 Ts 5:21), espíritos (1 Jo 4:1), profecias (1 Co 14:29), etc. Como disse Cristo: “E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?” (Lc 12:57) e Paulo: “Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 10:15). Muitos concordam que devemos julgar essas coisas, mas discordam quando se trata de julgar pessoas. Além de ver que o texto de Mateus 7 não proíbe este ato (pelo contrário, o incentiva), temos outros versos que deixam claro que devemos, em alguns casos, agir deste modo.


Paulo, após perguntar com que direito julgaria os que estão de fora da comunhão com Cristo, pergunta: “Todavia, não deveis vós julgar os que são de dentro?” (1 Co 5:12). Jesus e Paulo nos advertem: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores" (Mt 7:15) e “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles” (Rm 16:17-18). Como tomar cuidado com os falsos profetas e falsos mestres se não julgarmos os homens de acordo com suas obras? Como vamos separar-nos destes homens se não examinarmos tudo de acordo com a Palavra de Deus, julgando cada homem? Se nunca julgamos, não poderemos obedecer a esses versos. Paulo, novamente, nos diz: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? [...] Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?” (1 Co 6:2,5). E que exemplo melhor do que o do próprio Paulo, quando julgou Pedro:


“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos...” (Gl 2:11-14).


Se olharmos para a Antigo Testamento, temos vários exemplos de profetas de Deus que proferiram julgamentos justos. Jeremias julgou os homens: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo...” (Jr 5:30,31). Abraão julgou Sodoma e Gomorra ao ponto de não acreditar que houvesse mais de dez justos na cidade (Gn 18:24-32). Inúmeros são os exemplos de Deus mandando que seus servos julguem o povo, como Jeremias (5:30,31), Isaías (59:7,8) e Ezequiel (13). Diante de tudo isso, só posso crer que podemos, sim, julgar pessoas. E não só podemos, como, às vezes, devemos e seremos julgados por Deus se não o fizermos.


Dizer que podemos julgar pessoas tanto quanto ensinos e práticas não significa que somos livres para, como satanás, sair pelas ruas caçando ferozmente os erros alheios e, com a boca espumando, bradar palavras de maldição contra outros. Um dos problemas da visão daqueles que proíbem julgamentos é que essa é a imagem que eles possuem sobre o julgamento. Acredito que essa é a visão que devemos ter do julgamento segundo o mundo, mas não do julgamento genuinamente cristão. Para evitar confusões, gostaria de listar alguns pontos que creio serem úteis para sabermos como julgar de um modo bíblico:


1. Tenha Cautela


"Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" (1 Co 4:5). Devemos tomar sempre cuidado com julgamentos precipitados. Cristo, quando vier, trará luz sobre tudo o que antes estava oculto. Proteja-se de julgar erradamente, confie em Cristo e no julgamento correto que Ele trará.


2. Não seja um hipócrita


“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão" (Mt 7: 5). Não devemos nunca julgar hipocritamente. Um assassino não pode reprovar outro, como diz o já citado verso de Romanos: “Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (Rm 2:1).


3. Não seja um carrasco...


”Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mt 7:2). Você deve lembrar que também será julgado por Deus, pois "...todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo..." (2Co 5:10) e tal julgamento começará pela Igreja (1Pe 4:17). Assim, sabendo que, com a medida com a qual julgamos outros, Deus nos julgará, devemos seguir com mais afinco a exortação Paulina: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl 6:1).


Além disso, cuidado com julgamentos severos demais por pontos secundários. "O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come... Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão..." (Rm 14:1; cf 1Co 10:23-33; Cl 2:16-17). Lembre-se que "... O Senhor conhece os que são seus ..." (2 Tm 2:19), logo, devemos evitar ao máximo agir erradamente com os filhos de Deus, ainda que eles sejam fracos na fé. Deus zela pela Sua Igreja; não queira ser um inimigo dela.


4. ...mas saiba quando ser severo


Depois de meditarmos sobre não sermos duros sem necessidade, precisamos considerar sobre sermos duros quando há necessidade. Paulo julgou com severidade um homem que abusava da mulher de seu pai (1 Co 5:1) e Jesus foi extremamente ofensivo com os judeus, chamando-os de hipócritas, raça de víboras, sepulcros, filhos do inferno, dentre outras coisas (Mt 23). Precisamos, muitas vezes, ser duros com os falsos mestres e com os falsos cristãos. Seja sábio para discernir com quem você está lidando, se com um cristão fraco ou com um falso crente. Às vezes, precisaremos expor os pecados de outros e julgá-los como condenados para impedir que eles continuem a enganar o povo de Deus. Esteja preparado para quando precisar agir assim.


5. Seja perdoador


Em João 8:1-11, temos o caso de quando os fariseus trouxeram uma mulher adúltera aos pés de Jesus, acusando-a de adultério. Quando lemos a história, em momento algum Jesus nega que ela seja pecadora. Jesus está, certamente, julgando aquela mulher como pecadora e adúltera, assim como aqueles judeus. A diferença entre o julgamento dos dois é notória: os religiosos queriam apedrejar a mulher, enquanto Jesus queria perdoá-la. No lugar de apedrejá-la, Cristo disse: "[Eu não] te condeno; vai-te, e não peques mais" (Jo 8:11). Existem outros exemplos de pecadores arrependidos que não foram julgados por Jesus, como Zaqueu (Lc 19:1-9) e a mulher que ungiu os pés de Cristo (Lc 7:36-50). Tome Cristo como exemplo e, antes de tudo, seja perdoador.


6. Tenha lágrimas nos olhos


Acredito que nenhum livro inspirado julga tanto os outros quanto Lamentações de Jeremias, pois todos os seus cinco capítulos são completamente recheados de juízos sobre o povo da época. Algo deve ser notado: Jeremias não escreveu um livro imparcial, mas sim um livro de lamentações. O profeta estava chorando pelos pecadores. Ele estava comovido por tudo que estava ocorrendo. Essa deve ser nossa atitude quando precisamos julgar alguém: precisamos ter os olhos marejados ou pelo pecado de nosso irmão ou pela incredulidade do ímpio.


Conta-se a história de um homem que foi ao pastor de sua congregação dizendo: “Deus falou comigo que algo muito ruim aconteceria com nossa cidade”. O sábio pastor, então, respondeu: “Eu sei que essa revelação não veio de Deus, pois, se ela fosse mesmo d’Ele, você diria isso com lágrimas nos olhos”. Que não caiamos neste mesmo erro.


7. Julgue justamente


Este último ponto resume todos os outros já citados. Cristo nos dá uma ordem: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça" (Jo 7:24). Esse texto deixa claro: devemos, sim, julgar. Porém, somos proibidos de julgar superficialmente, de acordo com as aparências ou com os nossos preconceitos. Só há uma maneira bíblica de julgar: julgando de acordo com a justiça de Deus. Não seja abominável a Deus: “O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, tanto um como o outro são abomináveis ao SENHOR” (Pv 17:15).


Creio que não há melhores palavras do que as de Helder Nozima para encerrar este artigo:


"Condenar a alguém não significa tripudiar sobre a pessoa, nem caluniá-la ou ficar fofocando sobre o pecado alheio. Em Mateus 12:20, lemos que Jesus “não quebrará o caniço rachado e não apagará o pavio fumegante”. Jesus não foi enviado para condenar o mundo, mas sim para salvá-lo (Jo 3:17), e nem mesmo o arcanjo Miguel fez acusações injuriosas contra Satanás (Jd 9). A disciplina eclesiástica ou a condenação de alguém são eventos que devem despertar em nós tristeza e pesar, e não fofocas ou prazer. Se vemos que alguém está se desviando do Evangelho ou pregando heresias, o nosso objetivo principal deve ser conduzir o pecador ao arrependimento e a restauração. Caso a disciplina seja indispensável, ela deve ser feita com seriedade, amor e tristeza, sempre objetivando o arrependimento, e não a condenação eterna do pecador. E com muito temor também, afinal, não somos pessoas perfeitas e ninguém deve ser julgado ou condenado injustamente." [1]
Referências:

1.
Julgar ou Não Julgar?

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