Como harmonizar fé e razão. Roberto Böck

 João 3:10-11 NAA

[10]  — Você é mestre em Israel e não compreende estas coisas? [11] Em verdade, em verdade lhe digo que nós falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vocês não aceitam o nosso testemunho. 

https://bible.com/bible/1840/jhn.3.10-11.NAA

 Jesus disse: “Sabemos, vimos e falamos...” (Jo 3:11). Três verbos que revelam a essência do verdadeiro testemunho. Ele não fala por suposição, mas por vivência. Ele sabe, porque veio do Pai. Ele viu, porque habita o eterno. Ele fala, porque ama e quer nos alcançar. Que a nossa fé também siga esse caminho: conhecer a verdade, experimentar a presença e então compartilhar com graça aquilo que Deus nos revelou. Só fala com poder quem viveu com profundidade.

*Tese*: Toda forma de conhecimento — inclusive o científico — exige algum nível de fé confiável.

Jesus afirma a Nicodemos: “Você é mestre em Israel e não compreende estas coisas? Em verdade, em verdade lhe digo que nós falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vocês não aceitam o nosso testemunho” (João 3:10-11, Sociedade Bíblica do Brasil, 2017).

Ele apela a três fundamentos epistemológicos:

1. Conhecimento experiencial (“sabemos”) — vivenciado.

2. Testemunho ocular (“vimos”) — empírico, confiável.

3. Credibilidade do testemunho (“não aceitam”) — fé na fonte.

Como teólogo, lido com verdades reveladas transmitidas por testemunho (Escrituras, tradição, experiência pessoal e comunitária). No entanto, há método, investigação, crítica textual, raciocínio lógico — há ciência na teologia.

Assim como Nicodemos, a fé cristã exige uma razão que compreenda e confie no testemunho de Jesus sobre realidades celestes.

Como teólogo, não tenho conhecimento técnico para avaliar um tratamento dentário. Quando entro no consultório do dentista, preciso exercer fé: fé na formação dele, nos métodos científicos que ele aplica e na eficácia dos instrumentos.

Não é fé cega, mas racional, fundamentada na autoridade da ciência odontológica, ainda que eu não tenha acesso direto a esse conhecimento.

Da mesma forma, alguém pode não compreender a teologia, mas confiar no testemunho de Cristo e na experiência espiritual de outros, como Nicodemos foi desafiado a fazer.

A ponte entre fé e razão se sustenta em algo que Jesus destaca: credibilidade.

Na ciência, confiamos em especialistas porque sabem e viram — mesmo sem termos acesso direto à pesquisa deles.

Na fé, confiamos em Jesus, que sabe e viu, e cujo testemunho é confiável.

Assim como não preciso ser biólogo para crer nos efeitos da vacina, também alguém não precisa ser doutor em teologia para crer no que Jesus revelou. A confiança no saber do outro, quando testado e verdadeiro, é racional. Portanto, fé e razão caminham juntas, cada uma com seu método, mas ambas apoiadas na confiança mútua.

Se precisamos de fé para confiar em áreas que não dominamos (como medicina, engenharia ou odontologia), por que a fé religiosa é frequentemente vista como irracional, mesmo quando baseada em testemunhos confiáveis e experiências reais?

*Referência*

Sociedade Bíblica do Brasil. (2017). Bíblia Sagrada: Nova Almeida Atualizada. https://www.sbb.org.br/

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