domingo, 4 de dezembro de 2022

Os Movimentos Pietista e Restauracionista. Por: Marlos Xavier




Pr. Marlos Xavier

O movimento pietista emergiu durante o século XVIII. Surgiu como uma resposta ao problema das práticas intelectuais resultantes da reforma naquele período (a reforma nasceu no ambiente universitário). As mensagens e práticas da reforma, já não estavam ajudando as congregações a obterem uma experiência do amor de Jesus, aprofundamento na fé e obediência. Confere-se a Philip Jacob Spener (1635 – 1705) o crédito de haver iniciado o movimento.

Spener propunha seis etapas que deveriam levar à renovação da Igreja: 
1. Ênfase no uso e estudo das Escrituras. 
2. Redescoberta do sacerdócio de todos os crentes. 3. Distinção clara entre os dogmas e as práticas da fé. 
4. Defesa da caridade ao mesmo tempo que da verdade, de modo que as controvérsias não redundassem em amargura e falta de compaixão (isso era muito comum, pois havia uma guerra teológica entre os grupos luterano, anglicano, reformado e católico romano). 
5. Reforma das escolas e universidades, de modo a alcançar não apenas a mente, mas também o coração (não apenas informar, mas formar). 
6. Os sermões deveriam edificar o corpo de Cristo apelando não apenas para a mente, mas também para seu coração. Seu propósito não deveria ser elucidar controvérsias acerca de minúcias teológicas – como que dirigidas a outros teólogos e não à congregação (GONZÁLEZ, 2012, p.129-133).

Nas práticas do movimento de restauração de Stone-Campbell é possível perceber claramente as marcas da influência do movimento pietista. O caminho proposto para o alcance de seus propósitos restauracionistas de unidade foram: 
1. Autonomia congregacional. 
2. Compromisso com evangelismo e missões. 
3. Seriedade com as ordenanças. 
4. Suficiência da linguagem bíblica (nomes bíblicos para a igreja, liderança, doutrinas e práticas cristãs). 5. Ênfase na centralidade do Novo Testamento. 
6. Simplicidade cristã. 
7. Aceitação da diversidade naquilo que não é essencial. 
8. Estímulo ao sacerdócio de todos os crentes.

A prática da valorização da formação teológica das igrejas cristãs na América do Norte, berço do movimento Stone Campbell, apontam para a ideia pietista de restauração por meio da educação. O pietismo surgiu como um protesto ao intelectualismo da ortodoxia protestante, mas não era anti-intelectualista. O problema que combatiam estava na prática cristã resultante do intelectualismo daquele período. O Movimento enfatizou a necessidade de que a preparação fosse prática. Nos Estados Unidos o Movimento de Restauração conta com diversas universidades e faculdades e as igrejas recebem os líderes dessas casas de formação (quase que exclusivamente delas). A humildade, o amor, o suportar uns aos outros, e a simplicidade cristã tão presente no Movimento de Restauração, bem como o crescimento expressivo de muitas igrejas locais ali, apontam para a crença de que a piedade cristã é ensinada nessas casas de educação teológica.

A prática mais sensata e bíblica a se seguir por aqueles, no Brasil, que possuem o propósito restauracionista do movimento Stone-Campbell, parece ser o do testemunho histórico aqui traçado: educação e piedade, ou piedade formativa. Isto somente pode ser alcançado por meio de uma liderança bem formada que graciosamente influencie o povo de Deus a uma vida piedosa em todos os âmbitos através da educação teológica.

Que Deus ilumine você, para que assim como Wesley, Zinzendorf, Spener (pietistas), Stone, Campbell, Scott (restauracionistas), seu trabalho redunde em educação piedosa para a glória de Deus, seja na Igreja ou na academia. Ore por nossas igrejas e especialmente por nossas casas de formação ministerial: hoje elas requerem a unidade de nossas igrejas para continuarem existindo e cooperando para que o movimento restauracionista continue abençoando o Brasil através de uma educação teológica piedosa e prática. Soli Deo gloria!

Marlos Xavier de Godoy

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