sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
O EVANGELHO EM CEARENSÊS: JESUS ACALMA UMA TEMPESTADE (MATEUS 8; 23-27)
Jesus entrou numa jangada e os discípulos não contaram pipoca. Entraram também. Um dos apóstolos ainda cochichou com um colega:
– Diabeisso, macho? Que foi que o ômi inventou agora?
– Sei não, macho. Sei que eu tô é dento!
Jesus armou logo uma tipoia lá atrás e deitou-se. Com todo mundo embarcado, o jangadeiro arrochou o nó pra dentro dágua.
Só que, mais na frente, deu o maior bode. Caiu um toró daqueles, de matar sapo afogado. E aí o mar ficou valente. As ondas lavando por cima da jangada, direto. De vez em quando vinha uma e assungava a jangada, que a bicha parecia que ia se desmantelar toda. Depois embiocava de novo num buraco de mar. Os discípulos se aperrearam:
– Vixe!
– Valei-me, meu Deus!
– Agora pronto!
Enquanto isso, Jesus não dava nem as horas. Tirando o maior ronco, lá na rede.
Até que um dos discípulos, abriu dos pau e foi até Jesus, pedindo penico:
– Meste! Meste! Ó a boca quente que nós tamo, meste! A gente em tempo de se lascar aqui e o sinhô fica é dormino?
Jesus queimou ruim:
– Vocês são um magote de mamanaégua mesmo! Não aguentam uma lebrina!
Aí, olhou no rumo do céu e passou o maior carão:
– Vamo parar com esse chafurdo aí, que eu inda quero dormir até umas horas! Quer chover, vá chover lá na caxaprego!
E a chuva e a ventania se aquietaram que foi uma beleza. A nuvenzona preta, que estava em cima deles botou o rabo entre as pernas, chega saiu murcha.
Jesus foi dormir de novo e os discípulos ficaram naquele zum-zum-zum baixinho:
– Égua, macho, o ômi botô foi quente…
– O chefe aí é invocado mermo… Não abre nem prum trem carregado de pólvora…
– Com um doido em cima, fumano…
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👏 Ô variedade linguística show! 😍
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