segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

IGREJA DE CRISTO E SUA HISTORIA






A igreja de Cristo

T.W.Phillips – O Autor é um contemporâneo de ALEXANDRE CAMPBELL, escreveu o livro: A Igreja de Cristo, que foi traduzido em 1964 pela APLIC (Associação Pró-Literatura Cristã), republicado por mim em 1978 e agora volta a ser editado em capítulos no nosso site. T.W. Phillips foi um grande comerciante nos EUA, e investiu grande parte de seus lucros no MOVIMENTO DE RESTAURAÇÃO, em colégios bíblicos, igrejas e acampamentos, T.W. Phillips faz questão, em dizer não ser um clérigo, mas um HOMEM LEIGO, portanto, beneficie-se com uma leitura simples.



Capítulo I

A igreja de Cristo como instituição orgânica. Sua importância suprema. Primeiro, o nome; segundo, os oficiais e seus deveres. Bispos e Presbíteros. Diáconos. Ministros ou Evangelistas.

Nos capítulos anteriores narramos a história do perdão e a evidência do perdão como apresentadas nas Sagradas Escrituras. Queremos agora considerar a Igreja cristã como uma instituição orgânica. Paulo diz: “Assim já não sois estrangeiros, mas concidadãos dos santos e sois da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, senda êle mesmo Cristo Jesus, a pedra angular (Efésios 2:19-20). “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (I Cor. 3:11). Pedro disse : “Tu é Cristo, o Filho do Deus vivo”, a que Jesus retrucou: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Ela foi organizada pelos apóstolos sobre êste fundamento e governada tão sòmente por autoridade divina.

A igreja de Cristo “a qual Êle comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20:28), é uma instituição gloriosa que foi estabelecida por êle para a salvação do mundo. “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5:25). Por meio da igreja é dada a conhecer “a multiforme sabedoria de Deus” (Efésios 3:10). “Cristo é o cabeça da igreja, sendo êste mesmo salvador do corpo” (Efésios 5:23). Quando “um membro padece, todos sofrem com êle” (I Cor. 12:26-27). “... acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (Atos 2:47) . “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42).

É preciso lembrar que a Igreja de Cristo é uma instituição divina e que ela é o meio pela qual Deus está salvando o mundo; “coluna e baluarte da verdade” (I Tim. 3:15) . Ninguém pode se considerar crente e não tomar em consideração “a Igreja do Deus vivo”, porque Deus exaltou Cristo “acima de todo principado e potestade, e poder, e domínio e de todo o nome que se possa referir ... e pôs todas as cousas debaixo dos seus pés para ser o cabeça,... a qual é o seu corpo” (efésios 1:21-23).

Passaremos agora a dar uma breve história da Igreja de Cristo. Primeiro, o nome; segundo os oficiais e seus deveres. Terceiro, as ordenanças e sua observação.

Primeiro, o nome. Notamos nas Escrituras que os cristãos eram coletivamente chamados “a igreja” (Efésios 3:10). “A igreja de Deus” (I Cor. 1:2);”As igrejas de Deus” (I Tes. 2:14; “A igreja do Senhor (Atos 20:28). ”As igrejas de Cristo” (Romanos 16:16).”Corpo da igreja” (Col. 1:18).” O corpo (igreja) de Cristo” (I Cor. 12:17). “Família de Deus” (Efésios 2:19).

Em sua capacidade individual eram chamados “santos”, “irmãos”, “discípulos”,”discípulos de Cristo”,”cristãos”,”filhos do reino”,”santos de Deus”,”herdeiros”; também eram chamados por termos figurativos como “ovelhas” e “ramos”, e estes termos são suficientes para descreverem os membros da Igreja de Cristo em suas várias relações.

Segundo. Consideraremos agora os oficiais e seus deveres. Isto é importante ao descrever uma organização religiosa, pois é onde muitas igrejas diferem. Notamos pelas Escrituras que haviam “bispos” ou “anciãos” ou “pastôres",”diáconos” e “ministros” ou “evangelistas”, e estes constituíam tôda a oficialidade da igreja de então. Pode isto parecer estranho em vista da multiplicidade de cargos nas seitas, organizações e grupos que existem agora, mas estas três classes acima, incluíam tôda a oficialidade autorizada numa igreja neo-testamentária.

O termo “ancião” entre os cristãos primitivos significava uma pessoa idosa, de idade avançada e experiente. Como os bispos eram assim, os termos “ancião” e “bispo” eram usados como sinônimos. Paulo “mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja” e lhes disse “atendeu por vós e por todo rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus” ( Atos 20:17-28). É ainda Paulo que escreve : “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as cousas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te escrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus” (Tito 1:5-7). Por que deveríam os presbíteros ter o caráter aqui descrito? Por que um bispo deve ser irrepreensível como despenseiro de Deus” (Tito 1: 5-7). 
 Portanto, os termos “anciãos”,”presbíteros” e “bispos” são usados para designar o mesmo cargo e são portanto sinônimos. Dando ainda outras instruções quanto aos deveres dos presbíteros, ou anciãos ou bispos, ou pastores também, Pedro diz : “Rogo, pois, aos presbíteros” e “bispos” são usados para designar o mesmo cargo e são portanto sinônimos. Dando ainda outra instruções quanto aos deveres dos presbíteros, ou anciãos ou bispos, ou pastores também, Pedro diz: “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu presbítero como êles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada : Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa de glória” (I Pedro 5:1-4). Isto expressa os deveres do presbítero e lhe promete uma grande recompensa pelos seus labores. Mas os membros da igreja também têm obrigações que lhes advém dessa relação e por isso são assim admoestados: “Obedecei aos vossos guias, e sede submissos para com êles; pois velam por vossas almas, como quem deve prestar contas para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hebreus 13:17).

Nos tempos apostólicos existiram por algum tempo igrejas sem anciãos. No relato da primeira viagem missionária de Paulo, já quando Paulo e Barnabé voltavam e visitavam novamente as congregações que tinham deixado, lemos que “promovendo-lhes em cada igreja e eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem tinham crido” (Atos 14:23). Vemos por aí que essas igrejas tiveram mais de um presbítero (ou ancião, em algumas versões), porque lhes elegeram presbíteros em cada igreja. Temos aqui “igreja” usado no singular e”presbíteros” no plural. Alguns desses presbíteros proclamavam o Evangelho e outros não, de onde lermos “devem ser considerados merecedores de dobrada honra os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (I Tim 5:17). Note-se ainda que êstes bispos, anciãos ou presbíteros eram escolhidos dentre cada congregação. Nunca lemos na Palavra de Deus de um bispo de igrejas, mas sim de bispos de igreja. A igreja do Nôvo Testamento era diferente de algumas igrejas dos nossos dias que têm um ancião sôbre muitas igrejas e um bispo sôbre uma diocese inteira. Estas que são assim organizadas não podem pretender serem neo-testamentárias.

Os diáconos da igreja eram incumbidos dos assuntos temporais da congregação. A primeira vez que vemos algumas pessoas sendo separadas para servirem as igrejas nesse mister, é no capítulo seis de Atos, quando foram escolhidos para servirem a igreja no receber, e no distribuir o sustento aos necessitados. Quanto aos qualificativos que deviam possuir, Paulo escreve: “Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (I Tim 3:8-10).

A igreja do Nôvo Testamento também tinha ministros, ou evangelistas, cuja responsabilidade principal era a de anunciar o Evangelho. Paulo é ainda quem recomenda, escrevendo: “prega a palavra, quer seja oportuno, quer não... faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (II Timóteo 4:2-5). Timóteo e Tito pertenciam a esta classe e como êles, ainda muitos outros que, nos dias apostólicos saíram a proclamar a salvação ao povo para “das trevas se converterem à luz e do poder de Satanás a Deus”, também para estabelecerem igrejas e confortarem os santos por um fiel ministério de Cristo e pedirem que sejam cheios do conhecimento da sua vontade, em tôda a sabedoria e inteligência espiritual (Col. 1:9).

Assim como bispo, presbítero ancião e também pastor, são sinônimos, também ministro e evangelista são têrmos usados para as mesmas pessoas. O nome “evangelista” é aplicado sòmente para Felipe (Atos 21:8) e Timóteo (II Tim. 4:5), enquanto que ministro é usado três vezes, referindo-se a Timóteo (I Tes. 3:2; I Tim. 4:6; II Tim. 4:5), duas vezes a Apolo (I Cor. 3:5; 4:1-6), duas vezes a Tíquico (Ef. 6:21; Col. 4:7) e uma vez para Epafras (Col. 1:7) e João Marcos (Atos 13:5).

Paulo só uma vez usa o têrmo “pastôres" em Efésios 4:11. Apesar de nas versões para o português não aparecer o têrmo “pregador” como substantivo, é a esta classe que se referem as seguintes citações: “Cristo Jesus que foi por nosso intermédio anunciado (em algumas versões “pregado”) entre vós, isto é, por mim e Silvano e Timóteo” (II Cor. 1:19). “Como, porém, invocarão aquêle em que não creram? E como crerão naquêle de quem nada ouviram? Como ouvirão, se não há quem preguue?” (Rom. 10:14-15); “Assim também ordenou o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho” (I Cor. 9:14). Considerando o contexto desta última referência, isto é, versículos 7 a 13, torna-se claro que deve receber seus proventos, seu sustento, por seus trabalhos ministeriais.

Nas igrejas do Nôvo Testamento não houve títulos nem cargos mais elevados do que os mencionados acima. Não satisfeitos com estes, porém, o para e os sacerdotes têm se apropriado de têrmos que pertecem a Deus, como o “Sua Santidade, o Papa”, e “Santo Padre”. Os sacerdotes intitulam-se de “padre”, que quer dizer “pai”, em flagrante contradição às palavras de Jesus: “A ninguém sôbre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquêle que está no Céu” (Mateus 23:9). O têrmo “Pai” no sentido religioso é limitado a Deus, é proibido usá-lo para qualquer outra pessoa. Nenhum filho de Deus deveria fazer uso de qualquer desses títulos, estranhos ao Nôvo Testamento, para qualquer dignatário eclesiástico. Notamos ainda que o têrmo “reverendo” nunca é aplicado nas Escrituras para homem algum, quer apóstolo, bispo, ancião ou ministro. O têrmo no original quer dizer “tremendo” (Santo e tremendo é o Seu nome) e só é usado uma vez e sòmente para Deus e se encontra no Salmo 111, verso 9. Portando, cremos que nenhum ser humano tem direito a este título.

Os oficiais da Igreja de Cristo, apesar de não terem recebido os títulos a que os homens atribuíram maior dignidade eclesiástica, foram respeitados e honrados. Assim é que Paulo recomenda : “Agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máximo consideração, por causa do trabalho que realizam” (I Tes. 5:12-13). Outra vez, como já citamos : “Devem ser considerados merecedores de dobrada honra os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra do ensino” (I Tim. 5:17).

O apóstolo Pedro demonstra considerar honroso o cargo quando escreve: “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós,eu, presbítero como êles...” (I Pedro 5:1).

Conclui-se daí que os ministros e oficiais da igreja, sob Cristo, devem ser estimados e considerados pela igreja segundo a sua fidelidade na obra importante para a qual foram chamados. Devemo-nos lembrar, também que todos os membros da igreja, sem consideração a cargos eclesiásticos, são “reis e sacerdotes para Deus”, “filhos de Deus, “ herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”.

Toda a autoridade dos oficiais e eclesiásticos sob Cristo é concedida pela própria igreja, da qual Cristo é o cabeça. A soberania da igreja é demonstrada nas palavras de Jesus à igreja de Éfeso: “puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos” (Apoc. 2:2). A Soberania da igreja ainda é confirmada pela instrução dada por Paulo referente à disciplina. Êle escreve à igreja de Corinto “entregue a Satanás” (I Cor. 5:5). “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (I Cor. 5:13). Aos tessalonicenses êle escreve : “Nós vos ordenamos, irmãos em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes” (II Tes. 3:6). Estas passagens demonstram a soberania da igreja e incidentalmente, a importância da disciplina.

Tendo, portanto, demonstrado que os pregadores e oficiais eclesiásticos devem ser tido em estima e amor, que deve haver disciplina na igreja, que os membros incorporados na igreja são soberanos, queremos agora mostrar que a Igreja de Cristo é uma organização completa. Em tôda a congregação havia bispos ou anciãos para presidirem sôbre a igreja, para trabalharem pelo seu bem estar espiritual, resolverem os seus problemas, ampararem os fracos, animarem os tímidos, restaurarem os que estivessem afastados e edificarem todos na fé. Também diáconos foram instituídos para presidirem sôbre as atividades temporais da congregação, zelarem pelos necessitados; ministros ou evangelistas para levarem as novas de vida e salvação ao mundo, para estabelecerem novas congregações e estenderem as fronteiras de Sião. É a um dêstes que Paulo escreveu: “prega a palavra, instra, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com tôda a longanimidade e doutrina” (II Tim. 4:2).

Os oficiais da igreja do Novo Testamento pertenciam a uma destas três classes distintas e a nenhuma outra, pois outras não existiam. Não havia então arcebispos, cardeais, prelados, nem papa arrogando-se poderes políticos e eclesiásticos. Daí torna-se evidente que nenhuma igreja que difira da original, quer em oficiais ou organização, pode ser uma igreja neo-testamentária.

Capítulo II

ORDENANÇAS DA IGREJA

As ordenanças e sua observância. A Ceia do Senhor. O primeiro dia da semana. O batismo cristão.

Queremos agora chamar a atenção dos leitores e será nossa terceira consideração, partindo do capítulo anterior, para as ordenanças e sua observação. Para se descrever qualquer corporação, partindo do capítulo anterior, para as ordenanças. Algumas corporações religiosas diferem muita a êsse respeito; Algumas corporações religiosas diferem muito a êsse respeito; algumas aspergem água sôbre os que a elas se filiam; outras os imergem em água, e isto é suficiente diferença para caracterizar organizações, ainda que em outras coisas não haja diferença. A igreja apostólica observava uma ordenança que a distinguia de todas as outras corporações religiosas. Nos anais da religião e na história do mundo só aparece uma que comemora a morte de seu fundador. Enquanto se celebraram sempre os aniversários dos grandes, dos reis, fundadores de reinos e impérios, nunca se celebrou o dia de algum benfeitor da humanidade. Esta importante ordenança é chamada “Ceia do Senhor” “O partir do Pão”, e “A Comunhão do Sangue de Cristo e do Corpo de Cristo” (I Cor. 11:20 ; 10:16 ; Atos 20:7). E Cristo disse aos seus discípulos que o fizessem em memória dêle. Há um fato relacionado com o fundador dessa igreja, que, se não de todo, pelo menos em grande parte, explica esta singular e interessante comemoração: Êle morreu como antítipo prefigurado por cada uma das vítimas que foram sangradas sôbre os altares patriarcais ou judaicos. Êle veio na plenitude dos tempos e entregou sua vida como sacrifício pelos pecados do mundo, pois “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” . A sua morte, portanto foi o ato mais expressivo do amor divino. Êle morreu para que os homens pudessem ter vida; Êle morreu para que os homens pudessem ter vida; Êle morreu para que as criaturas humanas não temessem a morte; Êle morreu para que a morte fosse desarmada e o terror da morte fôsse desarmada e o terror da morte fosse removido, para que o homem pudesse se soerguer das suas cinzas e pó para uma vida sem fim. Foi, portanto ordenado que sua morte, em vez do seu nascimento, fosse comemorada, pois a grande obra da redenção não havia sido realizada até que da cruz Êle tivesse exclamado : “Está consumado”. Portanto, é à morte de Cristo que os crentes se apegarão como o fundamento das suas gloriosas esperanças. Pois só por Sua morte seus discípulos esperam reviver e desfrutar das mansões que Êle lhes foi preparar.

A igreja de Cristo celebrava o dia em que o Filho de Deus triunfou da morte. Está escrito: “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo... exortava-os” (Atos 20:7). Mas em qual dos primeiros dias celebravam êles a sua morte? Eram em todo o primeiro dia que o faziam. Em parte alguma das Escrituras consta que distinguissem algum primeiro dia ou dia do Senhor; todos os primeiros dias da semana eram igualmente santificados pelo mesmo grande evento, e guardados para a sua comemoração. Quando Deus ordenou a Israel, seu antigo povo, que guardasse o sábado, os israelitas não guardavam um só sábado em cada três meses ou quatro meses, mas os santificavam todos. Quando Deus ordenou a Israel que se lembrasse do sábado para o santificar, Êle estava referindo a todos os sábados; portanto quando lemos que os discípulos se ajuntavam no primeiro dia da semana para partir o pão, é natural concluir que faziam isto em todos os primeiros dias ou domingos, pois a fraseologia é a mesma em ambos os casos. Sendo isto, portanto, uma verdade que não pode ser contestada, perguntamos se qualquer igreja de nossos dias poderá alegar ser idêntica em prática à Igreja de Cristo, quando celebra a morte do Senhor sòmente umas três ou quatro vezes por ano? De acordo com o exemplo dos cristãos primitivos, os crentes em Cristo deveriam observar cada domingo o memorial da ressurreição do Senhor.

Notaremos que não há autoridade, dada pela Bíblia, para se usar a palavra “sábado” como significado a santificação do primeiro dia da semana. Os judeus observavam o último dia da semana, ou o sétimo, e is cristãos, o primeiro ou domingo. Os judeus se lembravam do dia do sábado para o santificar como um sinal (Êx. 31:17) e os cristãos se reuniam no dia da ressurreição para comemorarem a morte de Cristo. Enquanto a guarda do sábado é ordenada no quarto mandamento sob a lei de Moisés, não é a sua guarda, em parte alguma, imposta aos crentes sob Cristo. O Senhor ressuscitou no primeiro dia da semana, e à tarde do mesmo dia apareceu aos discípulos (João 20:1-19). No domingo seguinte (oito dias depois), estavam êles novamente reunidos e Êle se apresentou no meio deles (João 10:26). No dia de Pentecostes (que cai no domingo) desceu o Espírito Santo, e surgiu a Igreja cristã (Atos 2:1-4), 41,47).Paulo instruiu os gálatas e os coríntios (Cor. 16:1-2) a porem de parte o que pudessem quando se ajuntassem no primeiro dia da semana : Lucas ainda que João quando recebeu a revelação do Apocalipse, tinha sido arrebatado em espírito no dia do Senhor, ou domingo (Apo. 1:10). Era portanto o costumo e a prática uniforme das igrejas de Cristo observarem o primeiro dia da semana ou domigo e não sábado ou o sétimo dia, apesar de não haver qualquer referência a ordem para que fosse substituído o sábado pelo domingo. Alguns poderão, no entanto, dizer que se a morte de Cristo for comemorada todos os domingos, então a sua observância se tornará trivial. Cristo morreu tantas vezes quantas Êle ressuscitou. Um desses acontecimentos não poderá tornar mais trivial do que o outro. Por que então comemorar sua ressurreição cada domingo e não anunciar também no mesmo dia “a morte do Senhor, até que venha” ? (I cor. 11:26).

A outra ordenança a que daremos atenção agora, é o batismo cristão. Já foi demonstrado que era este o ato consumatório ao entrar no Reino de Cristo ou Sua Igreja. Quanto à importância, já notamos que o batismo é o último passo para uma pessoa ser achada em Cristo. “Todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte” (Romanos 6:3). O batismo é sagrado, unindo em si os nomes da Trindade. É o único ato exigido que tem que ser feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – os nomes sagrados que são invocados sobre as pessoas que estão sendo batizadas em Cristo. Ainda é esta a unica ordenança que representa tanto o sepultamento como a ressurreição de Cristo. Os cristãos primitivos eram imersos e não aspergidos ou só molhados. Todos os estudiosos de nomeada, reconhecem que a imersão era a prática primitiva e muitas passagens das Escrituras permanecem sem sentido a não ser que este fato seja reconhecido. Tôdas as pessoas, portanto, que se filiavam à igreja primitiva era sepultados no batismo. Assim é que lemos “tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados... dentre os mortos” (Col. 2:12). De novo lemos “fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua ressurreição” (Romanos 6:4,5). Há, porém, quem tenha modificado esta ordenança e desfigurado completamente o seu significado ao substituir seu modo original por outra forma que não representa o sepultamento e a ressurreição de Cristo. É consternador, portanto, testemunhar a aspersão de uma pessoa no some sagrado da Trindade, como se fosse batismo. Sentimo-nos impulsionados a exclamar como Maria junto ao sepulero: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram”.

As escrituras ensinam claramente que o crente arrependido, que é sepultado com Cristo no batismo, ressuscita para uma vida nova ( Rom. 6:3-11; Col. 2:12,13 ; I Pedrao 3:21). No entanto alguns ensinam que a nova vida pode vir sem sepultamento e ressurreição, e outros querem que os novos convertidos primeiro andem na nova vida, e depois sepultem os vivo em vez dos mortos.

Há três ordenanças ou memoriais que hoje são a prova de grandes acontecimentos – a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo, fatos estes que Paulo declara constituírem “o evangelho” (I Cor. 15: 1-4). A primeira dessas é o domingo ou o Dia do Senhor, que é observado atualmente e o foi desde o princípio, em memória da ressurreição de Cristo. A segunda, a Ceia do Senhor, que é observada em memória de Sua morte. Terceira, o batismo que representa tanto o seu sepultamento como a sua ressurreição.

Estas importantes ordenanças memoriais não têm sido devidamente apresentadas como argumentos para provar os fatos que elas representam. São esta, elos vivos de uma corrente que se estende pelo passado até a cruz, e ao sepulero de José Arimatéia. As ordenanças da igreja eram, nos tempos apostólicos, usadas como provas dêsse fato. Paulo, ao escrever aos gálatas, diz : “Ó gálatas insensato! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gál. 3:1). Como poderia Cristo ter sido representado como crucificado entre os gálatas, na Ásia Menor, a não ser que o tivesse sido na representação simbólica de seu corpo quebrantado e do derramamento de seu sangue. Isto vai ao encontro do que o apóstolo Paulo escreve aos coríntios : “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Êle venha” (I Cor. 11:26). Assim é que quando os seguidores de Cristo participam da Ceia do Senhor, demonstram o fato da sua morte; quando o primeiro dia da semana é observado, estão demonstrado o grande fato da ressurreição; quando os crente são imersos no batismo, demonstram os dois fatos, o do sepultamento e o da ressurreição de Cristo (Rom. 6:3-5). A sabedoria divina foi quem instituiu estas ordenanças e elas prosseguirão conjuntamente, testificando a grande obra da redenção e os grandes fatos do evangelho até a consumação dos séculos.





Como surgiu a Igreja de Cristo?


Movimento de Restauração da Igreja Neo-Testamentária

Disse Jesus: Edificarei a Minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão contra ela, Mateus 16.18. Em Atos 2.47 lemos: “A cada dia acrescentava o Senhor à Igreja os que iam sendo salvos”.



Paulo a chamou de “Igreja de Cristo” Romanos 16.16. Sob a promessa de que as portas do inferno não prevaleceria contra ela varou séculos, enfrentando os Judaizantes do 1º século, Império Romano nos três séculos seguintes, a Institucionalização Romana em toda a Idade Média culminando com a Reforma Prostestante no século XVI, com Lutero e Calvino, passando pelo Escolasticismo Liberal do século XVIII. Mas a promessa continuava: “As portas do inferno não prevalecerão...”.

Em 1800, o Denominacionalismo e o Liberalismo desgastava a Igreja do Senhor Jesus (minha Igreja). Alguns pastores no EUA promoveram reuniões de avivamento com jejuns, orações e uma volta às páginas do Novo Testamento, acontecendo assim o Grande Avivamento no oeste americano com as reuniões de Cane-Ridge, promovidas por Barton W. Stone em uma capela rural do estado de Kentucky. Isto levou as igrejas a deixarem suas placas denominacionais e unirem em um só propósito de volta a Bíblia. Outros movimentos em outras regiões seguiram o exemplo.

Em 1809 Thomas Campbel e Alexander Campbel, na Pensilvânia, (pai e filho), imigrantes irlandeses, servindo a Igreja Presbiteriana, decidem deixar toda sua tradição religiosa em busca de uma fé mais simples baseada unicamente na Bíblia, publicando em 1809, a “Declaração e Discurso”, um manifesto público contra todo o esfriamento evangélico relembrando os valores da Reforma do século XVI, mas valorizando a Igreja de Cristo do 1º século. Editaram “slogans” tais como: “Onde a Bíblia fala, falamos, onde a Bíblia cala, calamos”, “Não somos os únicos cristãos, mas somos unicamente cristãos”.

Em 1832 os grupos de Stone e Campbel se uniram em uma só bandeira: Restaurar a Igreja do Novo Testamento. Inúmeras denominações deixaram sua placas denominacionais para formarem um Movimento Bíblico, como diz Paulo em Efésios 4:3-6 – “Há um só corpo, uma só fé, um só batismo, um só Senhor, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.”

Este movimento formou um corpo sadio, vindo a se expandir por todos EUA em pouco tempo ganhando depois o mundo por intermédio de uma rede de missionários patrocinados pelas igrejas locais, estando hoje (2011) em mais de 150 nações pregando a mesma mensagem: “Volta a Bíblia”, “Fale onde a Bíblia fala e Cale onde a Bíblia cala”. O movimento de Restauração aportou-se no Brasil em 1927, na região nordeste, onde hoje se encontra várias igrejas de Cristo, mas os missionários pouco tempo depois, voltaram aos EUA, quase extinguindo o recém-trabalho naquela região.

RESUMO RÁPIDO:

As Igrejas de Cristo constituem uma comunidade não denominacional que apareceu na América do Norte, fruto do Movimento de Restauração, ocorrido no fim do século XVIII início do século XIX.

Barton W. Stone em Kentucky (Presbiteriano até 1809); Thomas Campbell e seu filho Alexander, no oeste de Pensilvânia (presbiteriano até 1809); e o evangelista Walter Scott na Pensilvânia e Ohio (batista até 1826) foram notáveis líderes do movimento.

Aceitam o Novo Testamento como a única autoridade de Fé e prática, rejeitam credo e confissões formais, descansando na afirmação das Escrituras de que Jesus Cristo é o filho de Deus e cabeça de Sua Igreja.

No batismo, praticaram a imersão dos crentes, segundo a ordem apostólica "Arrependei-vós e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo, para a perdão de vossos pecados, e recebereis o Dom do Espírito Santo". Atos 2:38. A Ceia do Senhor foi observada como a parte principal da adoração pública em cada Dia do Senhor, Atos 20:07.

No governo da igreja reconhecem a congregação local como uma unidade com governo próprio dirigidos por pastores e diáconos escolhidos por eles mesmo. As congregações e seus membros trabalham livre e independentes, e em conjunto organizam outros empreendimentos.

· A IGREJA DE CRISTO NO MUNDO

A Igreja de Cristo no mundo conta com mais de 5 milhões de membros, 20000 congregações nos Estados Unidos e Canadá servidos por 30000 obreiros. Este grupo sustenta aproximadamente 4500 missionários em 74 países do mundo e contam com 100 faculdades e 10 seminários de pós-graduação nos EUA e Canadá e com centenas de outras instituições teológicas ao redor do mundo, para a educação da liderança da igreja. As igrejas de Cristo sustentam 40 lares para crianças abandonadas, 20 lares para idosos, 8 lares para idosos inválidos e 3 hospitais nos Estados Unidos, além de outros lares relacionados em missões no exterior.

As convenções Cristãs Norte Americanas, reuniam-se ocasionalmente, com este propósito nos idos de 1927 a 1948 e passaram a se encontrar anualmente desde 1950. Os mecanismos das convenções anuais são coordenadas por um escritório em Cincinnati Ohio. Cada convenção anual reúne em média 20000 pessoas para alguma parte de seu programa de 4 dias.

Uma "Convenção Missionária Nacional" servindo uma mesma constituição com um programa orientado para Missões, tem-se reunido todo ano desde 1947.

Teológicamente falando, os membros das Igrejas de Cristo, são reconhecidos pelo seu conservadorismo Bíblico na medida que eles procuram promover o Cristianismo do Novo Testamento, sua doutrina, suas ordenanças e sua Vida. "Falam onde a Bíblia fala e calam onde a Bíblia cala".

· O PROPÓSITO DA IGREJA DE CRISTO:

· Nosso propósito é:
Estabelecer a Igreja de Cristo em nossa comunidade, de acordo com o padrão do Novo Testamento, estabelecido pelo próprio Cristo e seus apóstolos.

· Exaltar a Jesus Cristo acima de qualquer lealdade sectarista ou partidária.

Efetuar a unidade de todos os cristãos, na Igreja que Jesus Cristo edificou, e sobre a qual declarou que nunca seria destruída (Mateus 16:18).

· Cumprir a Grande Missão de Fazer discípulos de Jesus em todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.PRINCÍPIOS BÍBLICOS DA IGREJA DE CRISTO:
A IGREJA DE CRISTO E SUA DOUTRINA:

Aceitamos e mantemos a Bíblia como a única regra de fé e prática para a Igreja de Cristo (II Timóteo 3:16-17). Ela é verdadeira, visto que é inspirada por Deus, e todos os homens sensatos podem compreendê-la.

Cremos que Jesus Cristo é o único Credo prescrito na Bíblia para nossa aceitação (Mateus 16:16 - II Timóteo 1:12 - Atos 4:12 - I Coríntios 2:2 - Hebreus 13:8)

Estamos prontos a receber conselhos de todos e encorajamos o escrutínio crítico por parte de todos os interessados. Se alguém puder demonstrar que não estamos proclamando todo conselho de Deus, estamos prontos a corrigir nosso erro.

Esforçado-nos por usar termo bíblicos quando aplicado às idéias bíblicas. As palavras representam idéias, pelo que, a fim de transmitir os pensamentos com a máxima correção, devem ser usadas as mesmas palavras empregadas na Escrituras (I Pedro 4:11). E por essa razão que a nós mesmos chamamos de cristãos (I Pedro 4:16) e também aceitamos o nome bíblico para a igreja.

Pregamos exclusivamente a doutrina bíblica. A Bíblia é explicita e clara no que concerne à salvação. Isso pregamos e defendemos (Judas 3). Pelo mesmo motivo, nos opomos a quaisquer tentativas de substituir a verdade bíblica pelas inovações humanas, seja na prática, seja na teoria.

Oramos incessantemente, como nos ensina as Escrituras (Lucas 18:1-8; I Tessalonissenses 5:17; Efésios 6:18; I Timóteo 2:8; Colossenses 4:2).

Praticamos exclusivamente as ordenanças estabelecidas por Jesus Cristo.

O batismo do novo crente arrependido (Marcos 16:15-16; Mateus 28:18-20; Atos 2:38; Romanos 6:-4)A Santa Ceia do Senhor como encontro semanal com Cristo Jesus (Lucas 22:19; I Coríntios 10:16-17; 11:25-28; E Atos 20:7).

A igreja local é mantida por meio dos dízimos e ofertas voluntárias (Malaquias 3:8-10); I Coríntios 9:6-10; I Coríntios 16:2; Galatas 6:8; Atos 20:35; Lucas 6:28 e Mateus 23:23)

Praticamos o Sacerdócio Universal de todos os crentes, fazendo todos responsáveis pela proclamação da boa mensagem e progresso do trabalho na igreja (Mateus 23:8; I Pedro 2:9)

Em nossa forma de governo da igreja local, somos congregacionais e independentes. Esse procedimento bíblico estabelece que a congregação local deve ser governada pelos pastores, localmente eleitos, servidos pelos diáconos, com aprovação da congregação. (I Timóteo 3:1-7; Hebreus 13:7; I Pedro 5:2-3; I Timóteo 3:8-13).

Cristo Jesus é o fundador e o Cabeça da igreja (Efésios 1:22; Mateus 16:16-18).

Cristo Jesus é o fundador da Igreja, sobre o qual a igreja está edificada (I Coríntios 3:11; Efésios 1:19-20; Mateus 16:16-18).

A igreja teve início no dia de Pentecoste, depois da ressurreição de Cristo (Atos 2:1-41).

O lugar de seu início foi Jerusalém (Atos 2:5)

O estabelecimento da Igreja foi efetuado por meio de: Pregação - Ouvir - Fé - Arrependimento - Confissão - Batismo. Visto que o padrão bíblico não dá lugar a qualquer outro sistema hierárquico ou qualquer controle exterior, nossas congregações locais são autogovernadas, sob direção de Cristo.

E o Movimento da Restauração está vivo e continua...


História das Igrejas de Cristo no Brasil

Este artigo trata da Igreja no Brasil, seus líderes locais, suas instituições, suas igrejas.

As primeiras igrejas
Os Sanders chegam a Goiânia – GO, em março de 1948, à espera da construção de Brasília. Em 1949, abrem, na Vila Nova, uma Escola Bíblica de alfabetização para, em seguida, dar início à primeira Igreja de Cristo no Brasil. Ato contínuo, David e Ruth Sanders conseguem uma quadra inteira – um “quarteirão”, era como se falava na época – em um assentamento na periferia de Goiânia, Bota-Fogo, hoje, Setor Universitário.

Com o estabelecimento desses dois núcleos, os missionários, Sanders, Ewing, Ruth Spurgen, resolvem adquirir um terreno no interior do estado, para ter um acampamento. Nasce, assim, a Igreja de Cristo de Silvânia - Go. A quarta igreja, no Setor Bueno, anexa ao Instituto Cristão de Goiânia, nasce como capela do Instituto Bíblico.

Depois, vem Vila Fama, hoje, Norte de Goiânia, fruto de negociação entre a Missão Cristã do Brasil (MCB) e a Missão Novas Tribos, que estava fechando sua base em Goiânia, indo para o interior.

Outras igrejas nascem nesta década (1960-70). Em Belém – PA, chegam algumas famílias, que não tinham conhecimento do trabalho no Centro-Oeste, abrindo as portas na região Norte: Pará (Belém), Amazonas, Amapá e Goiás (Araguarina, que, hoje, é estado de Tocantins). E duas famílias de missionários migram para o Sudeste brasileiro: Artur Carter abre em Belo Horizonte, e Eugene Smit, em São Paulo; Voltando para o Centro-Oeste, Geraldo Holmquist abre a Igreja de Cristo em Anápolis, no Bairro Jundiaí.

Pela MICB, Dale H. McAfee abre em Ceres – GO. Enquanto, no Distrito Federal, os Sanders recebem o lote número 001 para igrejas, no Plano Piloto – mais especificamente, na EQS 305/306 –; e Bill Loft, vindo de Belém, abre a primeira Igreja em Taguatinga – DF, vindo, em seguida, Bill Metz, para a abrir a Igreja do Gama – DF.

Os primeiros líderes brasileiros
Nesta primeira década (50-60), surgem os primeiros obreiros, quase todos ligados ao Instituto Cristão de Goiânia e à Igreja Vila Nova. São eles: Valdor G. Abreu Pena, Anabor Inácio de Macedo, Florisvaldo Moreira Santos, Iderval Gonçalves Ramos, Diogo e Geraldo, José Nascimento, Dorvalina dos Santos, Aldir e Dírir dos Santos, e Alice Ribeiro.

Algum destaque deve ser dado, ainda que para uma década de poucas oportunidades. Valdori foi o primeiro líder com curso superior; estudou no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP); traduziu o livro: “Treinamento para o serviço cristão”, em 1964; trabalhou no Itamarati, em Brasília – DF, servindo, em seguida, como adido comercial do Brasil nos EUA e Colômbia.

Outro foi Anabor, líder dos alunos do ICG, e evangelista em Vila Nova e, depois, Brasília e Taguatinga. Também, Florisvaldo, ótimo cantor, que chegou a gravar um LP (long play), com o quarteto de Vila Nova, e foi pai do pastor Valdiberto Moreira. E ainda, Artur de Souza, fundador da Igreja de Cristo em Luziânia, que trabalhou, também, em Silvânia e Vianópolis – GO, foi o pai do Dr. Geser de Souza Silva e da Pra Romilda de Souza.

A segunda geração de líderes
Na década seguinte, também não muito pródiga, temos alguns nomes que se fortalecem e se fixam nas Igrejas de Cristo até aos dias de hoje; entre eles, Herculano Ferreira Quirino, Ozório Rodrigues Gonçalves, Waldir Pires Garcia, Iran Bernardes da Costa, Gerson Vicente e Eudâmidas. Herculano tem o mérito de construir e pastorear a Igreja do Setor Bueno, na década de 60. Casou-se com a aluna do ICG, Ester Teodora, e hoje é coronel reformado da Polícia Militar de Goiás; Vale dizer que era um dos 3 meninos, abrigados no início do Pró-Vida, juntamente com Ozório e Walter.

Iran, oriundo de Anápolis, e filho na fé de Geraldo Holmquist, estudou no STEB, em Belo Horizonte – MG. Formado em Direito, concluiu o seu mestrado pelo Emanuel School of Religion (das Igrejas de Cristo nos EUA); foi diretor da FTCB, pastor em Anápolis e Brasília e, atualmente, dirige o Ministério Grão de Mostarda, no modelo de igreja em células.

Enquanto isso, Gerson, morando no Setor Bueno, se firma como um dos líderes da Igreja da Fama, até aos dias de hoje. Além de pastor, é professor universitário, político e, acima de tudo, servo. E Ozório – escritor dessas notas –, vocês conhecem. Esta segunda geração trabalha sob a coordenação de missionários norte-americanos, fazendo a transição para os novos líderes que surgiriam nas décadas de 70 e 80.

A terceira geração
Em pleno regime militar, no Brasil de 64 a 84, as Igrejas Batistas experimentam um avivamento, por volta de 1976, que iria influenciar, num movimento de renovação espiritual, e dividir igrejas e pregadores de todas denominações. Nesse período do ICG, agora chamado ETIC, dirigido pelos pastores Aurelino Mendes e Francisco Haubner, recebe alunos como Geraldo Júlio, Ulisses Borges e Moisés Santana. Outros líderes se firmam, como Justino Moacir Rosa, Guilherme Santana, Edson Pereira de Gouvêia e Geraldo Borges.

Essa geração assume a liderança que era dos missionários norte-americanos, e cria um novo tempo, passando a ser um divisor de águas. Enquanto todas denominações se dividiram, por causa do avivamento espiritual, dando as Igrejas Batista tradicional e renovada, Presbiteriana tradicional e renovada, Metodista tradicional e renovada, etc., as Igrejas de Cristo não se dividiram, devido ao seu regime congregacional autônomo, e passaram a usufruir um crescimento renovado. Experimentaram, assim, uma nova fase de crescimento, que poderia ser chamada de “antes e depois de 70”.

Ulisses de Oliveira inicia seu ministério na Igreja do Setor Universitário, sendo chamado, imediatamente, para Pires do Rio, onde se projeta para todo estado de Goiás e outros estados do Brasil. Inaugura duas emissoras de rádio na cidade, cria o Seminário Bíblico de Pires do Rio, Seminário este responsável por quase toda safra de obreiros da quarta geração. Inaugura em nosso meio, independente da ideologia do Movimento da Restauração, o sistema de ministérios.

Esse sistema, hoje instalado em muitas Igrejas de Cristo, impondo uma “visão avivamentalista” de crescimento, fez surgir as primeiras igrejas a ultrapassarem a casa dos 150 membros, chegando até 1.200 membros, como Pires do Rio, Itapuranga, São Miguel do Araguaia e outras. Apenas o seu “ministério” Nova Terra foi responsável pela abertura de mais de 100 igrejas.

Edson de Gouvêia, outro nome surgido na década de 70, jovem recém-convertido em uma Igreja pentecostal, relojoeiro e porteiro de hotel, por profissão, tem sua primeira experiência com a liderança de Igreja no Setor Universitário, com a saída do Pr. Ulysses para Pires do Rio; tem uma rápida passagem pela segunda Igreja de Cristo do Brasil, sendo convidado de imediato para a Igreja de Cristo em Taguatinga, onde exerceu 19 anos de pastoreio.

Bacharelado em Teologia pela Faculdade Batista de Brasília, e pós-graduado pela Faculdade Teológica Cristã do Brasil (FTCB), Edson Gouvêia é professor da mesma há mais de 25 anos. Em meados dos anos 90 (1o/01/95), aceitou o convite para pastorear a Igreja de Brasília, onde se encontra até o momento. Foi presidente do Concílio por vários mandatos; da ASSIC-DF, também por vários mandatos; presidente do Pró-Vida, da MCB; além de vice-presidente por várias gestões da FTCB.

Geraldo Borges nasceu para Cristo na Primeira Igreja do Gama; foi pastor da Igreja do Pedregal, Gama, Vila Nova e Veredão; e, atualmente, é o diretor de Missões Nacionais e Internacionais das Igrejas de Cristo, tendo feito várias viagens pró-missões em três continentes: América do Sul, África e Europa. Tem-se dedicado ao seu projeto de ganhar 1000 plantadores de Igrejas, para o que foi idealizado do CTM, o Centro de Treinamento Missionário “Lloyd David Sanders”.

Dois outros nomes dessa década: Pastor Justino e Pastor Guilherme, ambos deixaram uma fileira de discípulos, que perpetuam o trabalho desta geração de líderes. Numericamente, não são muitos, mas foram responsáveis pelo “pipocar” de Igrejas de Cristo que passa a acontecer no Brasil no final do Século XX e início do XXI.

Podemos dividir nossa história antes de depois desta década, hoje, podemos contemplar pastores, filhos da casa que vestem a camisa do Movimento de Restauração, do nível de Bené Silva, Joaquim Pereira, Vicente Mesquita, Carlos Lima, Agostinho, Paulo Hernani, Newton, Flávio Fonseca, Marlon Brito, Victor Hugo, Jaime Caixeta, Raimundo Aires, André de Paula, David Levistone e outros, graças à terceira geração.

A unidade do Movimento da Restauração
Cabe aqui uma palavra sobre a unidade do Movimento. Não somos uma “denominação”, mas um “movimento” em franco crescimento. O que nos mantém unidos? Vários fatores: 1º, porque a Igreja não é do homem e, sim, de Cristo (Mt 16:18), o Seu amor nos une; 2º, porque desenvolvemos uma série de instituições de apoio, em torno das quais gravitamos.

Entre estas instituições, estão as reuniões de acampamento, usadas pelos missionários, nas décadas de 60 e 70; eram os grandes eventos que congregavam e uniam os primeiros líderes restauracionistas. Também as instituições do ensino teológico, como o Instituto Cristão de Goiânia, nas décadas de 50-70, a ETIC; nos anos de 70-80, o Seminário Teológico de Pires do Rio, e a própria FTCB. Bem como o Congresso de jovens, iniciado em novembro de 1966, que atualmente reúne-se por ocasião do carnaval, os já famosos COMICs, que hoje é direcionado pela UMIC – União da Mocidade das Igrejas de Cristo no Brasil.

Foi também fundamental a criação do Concílio Ministerial das Igrejas de Cristo no Brasil, na década de 70 e, posteriormente, a Convenção Nacional. Assim como o jornal: “O Mensageiro das Igrejas de Cristo”, iniciado em fevereiro de 1974. E os vários ministérios existentes em nosso meio, que não vieram para dividir o grupo, mas para dividir a tarefa de ocupar todo o Brasil. Ainda, temos as reuniões, chamadas de Encontros de Atualização Teológica, promovidas pelo Concílio Ministerial.

Nunca se pode deixar de mencionar o esforço missionário promovido, primeiramente, pela Igreja Norte de Goiânia, e encampado pela Missão Cristã do Brasil, sob a supervisão do Pastor Geraldo Borges. Isso, sem falar dos Congressos de Mulheres, as Conferências Missionárias, os acampamentos, as campanhas evangelísticas, entre tantas estratégias.



O DNA das Igrejas de Cristo - 2
O DNA das Igrejas de Cristo

"Unidade, Diversidade e Liberdade"

Introdução à série de artigos “O DNA das Igrejas de Cristo”

Em virtude do fato que o Brasil estará sendo a sede da nossa Convenção Mundial em 2012, na cidade de Goiânia (GO), estamos dando início a uma série de artigos sobre a nossa identidade, ou seja, o DNA das igrejas com origem no Movimento de Restauração ou Movimento Stone-Campbell: Discípulos de Cristo, Igrejas de Cristo (a capella) e Igreja Cristã / Igreja de Cristo (Discípulos independentes). Minha oração é que eles venham a ser úteis na preservação da nossa identidade e do testemunho pela unidade da Igreja de Cristo.

***

Unidade, Diversidade e Liberdade

Sabemos que o Movimento de Restauração surgiu oficialmente com a união das Igrejas Cristãs (Cristãos) e das Igrejas de Cristo (Discípulos de Cristo) em 1832. Os cristãos tinham como seu principal líder Barton W. Stone e os discípulos eram dirigidos por Thomas e Alexander Campbell.

Todavia, uma uniformidade doutrinária e prática nunca foi alcançada entre as igrejas do nosso Movimento. As igrejas eram muito diferentes uma das outras, mas eles buscaram e alcançaram a união. Tanto que Barton W. Stone comentou: “Eu considero essa união como o ato mais nobre de minha vida” (Humble, 20).

Semelhanças entre os pioneiros

“Campbellistas” e “stoneítas” eram semelhantes nos seguintes pontos:

· A Bíblia e os credos ou confissões: A Bíblia era para eles a única autoridade em matéria de fé e prática cristã e concordavam que Credos ou Confissões de Fé não deviam ser impostos sobre a igreja;

· Unidade cristã: Eles promoviam a unidade cristã;

· Rejeição do calvinismo: Eles reagiram contra a teologia calvinista da Igreja Presbiteriana e passaram a aceitar as idéias da teologia reformada arminiana;

· Rejeição do pedobatismo: Ambos aceitavam o batismo de crentes, rejeitando o batismo de crianças (pedobatismo);

· Nomes bíblicos: Procuravam se designar por nomes bíblicos: “cristãos” ou “discípulos”, “Igrejas Cristãs” ou “Igrejas de Cristo”;

· Governo congregacional: As igrejas eram congregacionais, ou seja, não aceitavam outras formas de governo além da igreja local.

Principais diferenças

Leroy Garrett, um dos grandes historiadores do nosso Movimento, também identificou algumas diferenças entre eles (Soto, 32):

· Nome: os campbellistas usavam Igrejas de Cristo / Discípulos de Cristo. Os stoneístas Igrejas Cristãs / Cristãos;

· Batismo: os campelistas enfatizavam o batismo para o perdão dos pecados. Os stoneístas a imersão de crentes, mas não necessariamente para o perdão dos pecados;

· Ceia do Senhor: os campbellistas praticavam semanalmente (domingos). Os stoíneístas afirmavam que não há nenhum mandamento bíblico quanto à periodicidade da Ceia do Senhor;

· Ministério cristão: os campbellistas não favoreciam um ministério ordenado. Os stoneístas criam que somente um ministério ordenado poderia batizar os novos convertidos, por exemplo;

· Modelo de Unidade: os campbellistas estavam preocupados em restaurar um padrão ou modelo antigo para a igreja. Os stoneístas estavam mais interessados em unir todos os homens em Jesus Cristo;

· Método evangelístico: os campbellistas, influenciados pela filosofia secular (o racionalismo e o realismo sensato) enfatizavam a razão ou no “linguajar evangélico” enfatizavam a Palavra. Os stoneístas usavam os métodos do Segundo Grande Avivamento, onde as reuniões de avivamento organizadas se tornaram o meio mais comum de evangelizar, com pregações emocionais e conversões com manifestações físicas e sinais.

O testemunho evangélico da época

Um dos maiores teólogos de todos os tempos, Augustus H. Strong, registrou em sua Teologia Sistemática, a obra mais usada entre os batistas há quase 200 anos, a enorme diversidade de opiniões entre nossas igrejas (Strong, 720). Todavia, o desejo de união foi maior do que suas diferenças.

Unidade na diversidade

Para Garrett o que caracteriza o nosso Movimento é a unidade na diversidade e até Alexander Campbell, o principal teólogo e organizador das Igrejas de Cristo no século XIX afirmou:

“Nós temos entre nós toda a sorte de doutrinas pregadas por toda a sorte de homens” (Haley, 3).

Era Alexander Campbell um mentiroso? Claro que não.

A declaração acima é verdadeira e fica provada, além das diferenças citadas acima, pelas razões que apresentaremos a seguir. Barton W. Stone teve enormes dificuldades para aceitar as formulações teológicas sobre a Trindade e foi simpatizante do ecumenismo. O próprio Campbell, já ancião, não ensinava e nem praticava a imersão com o propósito de perdoar os pecados, cria que havia cristãos nas denominações e etc. E Thomas Campbell permaneceu calvinista em suas convicções teológicas até ir para o Senhor (Garrett, Restauration Review). Quanto ao governo da igreja também havia diversidade. Os irmãos que tinham origem batista tinham um governo democrático. Os de origem presbiteriana eram favoráveis a um governo democrático representativo com um presbitério governando a igreja local (Haley, 4) e assim permaneceram.

Intolerância e Divisão

Infelizmente, mesmo tendo essa grande diversidade como herança, as igrejas do nosso Movimento enveredaram pela intolerância e a divisão. As diferenças entre o norte e o sul (Soto, 104) e a amargura decorrente da Guerra Civil nos Estados Unidos podem ser citados como aprofundadores das razões que causaram a divisão (para obter mais informações sobre esse assunto leia o artigo “As controvésias e as divisões no Movimento de Restauração”, no site WWW.movimentoderestauracao.com ou em nosso blog sobre a historia das Igrejas de Cristo: www.historiadasigrejasdecristo.blogspot.com).

O nosso Movimento teria se transformado em uma seita que se reproduz por divisões legalistas se não fosse a intervenção de homens como Isaac Errett, autor do clássico “Nossa Posição – Uma sinopse da fé e da prática da Igreja de Cristo”, traduzido em português pelo autor desse artigo, e disponível nos sites acima citados.

Conclusão

Devemos rejeitar o sectarismo, valorizar a tolerância e buscar a unidade entre os cristãos. Esse foi o caminho percorrido pelos pioneiros do Movimento de Restauração/Movimento Stone-Campbell. Negar a destra da comunhão por causa de diferenças doutrinárias ou práticas é ir na contra-mão da nossa tradição de unidade, diversidade e liberdade. Lembrem-se dos nossos antigos lemas:

“No essencial, unidade; Nas opiniões, liberdade; Em todas as coisas, o amor”;

“Não somos os únicos cristãos, mas unicamente cristãos”.

Como Errett disse: "Que o laço de união entre os batizados seja o caráter cristão em vez da ortodoxia; o correto fazer em vez do correto pensar; e, ao tomar em conta os secos preceitos, que se reconheça a liberdade de cada um sem buscar impor limitações aos irmãos fora da imposição da lei do amor". Os nossos antepassados aprenderam essa lição e preservaram a unidade do espírito na paz de Cristo (Soto, 32).

Ao chegar em Brasília-DF pela primeira vez para a Atualização Ministerial e Eclesiástica (AME), constatei a enorme diversidade que caracteriza as Igrejas de Cristo do centro-oeste brasileiro. Fiquei apaixonado. Como se parecem com o nosso Movimento no início. Unidade, diversidade e liberdade, eis a nossa principal virtude. E esse é o caminho para nós no século XXI: a unidade na diversidade!


O Avivamento de Cane Ridge (1801)



Barton W. Stone

Justo L. Gonzalez, historiador latino, de vasta penetração na Teologia Norte Americana, autor de vários livros na área histórico – teológico muito traduzidos para a língua portuguesa, pelas edições Vida Nova - São Paulo/SP, traz a lume o capitulo do 2° grande avivamento ocorrido nas EUA, nos idos de 1797 a 1850, avivamento este que chamuscou o denominacionalismo protestante, mais acadêmico do que evangélico, nascendo assim uma nova visão do mover de DEUS, trazendo os lideres para uma volta a Bíblia e levantando duas bandeiras para o cristianismo autentico: “volta a Bíblia” e “falar onde a Bíblia fala calar onde a Bíblia cala”. O MOVIMENTO DE RESTAURAÇÃO nasce neste avivamento e reaviva toda nação Norte – Americana, chegando atualmente a mais de 170 nações. Em seu clássico e “UMA HISTÓRIA ILUSTRADA DO CRISTIANISMO “ (10 volumes) no volume 9 paginas 27 a 31, Gonzalez traz o relato histórico de CANE RIDGE, cujo personagem, responsável pelo avivamento local e BARTON W. STONE, jovem pastor presbiteriano que contrariando sua denominação leva o avivamento para sua igreja rural, no KENTUCKY.

Veja e leia o texto de Gonzalez:

O Segundo Grande Avivamento
No fim do século XVIII começou na Nova Inglaterra um Segundo Grande Avivamento, semelhante ao primeiro, do qual tratamos nas ultimas paginas do volume anterior. Contrariamente ao que se poderia pensar, este avivamento não se caracterizou por grandes explosões emotivas, mas o que sucedia era que, de modo inusitado, as pessoas começavam a encarar a sua fé com maior seriedade, reformando os seus costumes para se ajustar melhor às exigências dessa fé. A assistência aos cultos aumentou notavelmente, e eram numerosas as pessoas que contavam experiências de conversão. A principio, este avivamento também não teve os matizes anti intelectuais que caracterizaram outros avivamentos. Pelo contrario, ele abriu caminho entre muitos dos maios notáveis Teólogos da Nova Inglaterra, e logo um de seus principais pregadores se tornou o presidente da Universidade de Yale, Timothy Dwight, neto de Jonathan Edwards. Nessa universidade, e em muitos outros centros decentes, notou – se um grande despertamento religioso, que encontrava eco no resto da comunidade.

Como resultado daquela primeira fase do avivamento fundou-se dezenas de sociedades com o propósito de difundir a mensagem do evangelho. Dentre Elas, as mais importantes foram a Sociedade Bíblica Americana, fundada em 1816, e a Junta Americana de Comissionados para missoes Estrangeiras, fundada seis anos antes. Esta ultima foi o resultado de um compromisso mútuo que um grupo de estudantes havia feito alguns anos antes, quando, reunidos sobre um monte de feno, havia decidido se dedicar às missões estrangeiras. Quando um dos missionários enviados por essa organização, Adoniram Judson, se tornou batista, os batistas norte americanos sentiram-se chamados a deixar um pouco de lado o seu congregacionalismo e organizar uma convenção geral cujo propósito original era apoiar missionários batistas em outras partes do mundo.

Outras sociedades surgidas como resultados daquele avivamento se dedicaram a diversas causas sociais, tais como a abolição da escravatura (a Sociedade Colonizadora, de que trataremos mais adiante) e a guerra contra o álcool (a Sociedade Americana para a Promoção da Temperança, fundada em 1826). As mulheres foram ocupando uma posição cada vez mais destacada nesta ultima causa. Na segunda metade do século, sob a direção de Frances Willard, a União Feminina Cristã pró-Temperança tornou-se um instrumento na luta pelos direitos femininos. Em grande medida, portanto, o feminismo norte-americano tem suas origens no Segundo Grande Avivamento.

Entretanto, o avivamento havia rompido as barreiras da Nova Inglaterra e das classes mais educadas, começando a abrir caminho entre as pessoas menos instruídas, muitas das quais se dirigiam para os novos territórios do oeste. (É bom recordar que, segundo o Tratado de Paris, os Estados Unidos tinham o direito de colonizar todas as terras entre os Apalaches e o Mississipi.) Muitas das pessoas que se dirigiam para o oeste levavam consigo a fé vibrante que as primeiras fases do avivamento haviam despertado, e em seus novos lugares de residência procuraram manter viva essa chama. Embora ali a situação fosse diferente, logo o despertamento religioso assumiu um tom mais popular, mais emotivo, e menos intelectual, até o ponto em que, mais tarde, se tornou anti intelectual.

Talvez o passo mais notável dessa transformação tenha sido o avivamento de CANE RIDGE, no estado de Kentucky, organizado – na medida em que foi – pelo pastor presbiteriano da igreja local. Com o fim de despertar a fé dos habitantes da comarca, aquele pastor BARTON W. STONE anunciou uma grande assembléia de avivamento, ou “reunião de acampamento”. Ao chegar o dia marcado, dezenas de milhares de pessoas se congregaram. Em uma região em que eram poucas as oportunidades para reunir se e festejar, o anuncio de BARTON W. STONE atraiu toda classe de pessoas. Muitos foram por motivos religiosos, outros foram para passear e se divertir. Possivelmente muitos nem sabiam ao certo por que estavam indo. Alem de Stone pastor presbiteriano do lugar, havia outros pregadores batistas e metodistas. Enquanto uns divertiam, os pastores pregavam. Um inimigo do movimento chegou a dizer que em CANE RIDGE se conceberam mais almas do que as que se salvaram. Inesperadamente, começaram a ocorrer inauditas expressões de emoção, pois uns choravam, outros riam, outros tremiam, alguns saiam correndo, e não faltavam pessoas que latiam...

Aquela reunião perdurou por uma semana, e ao sair dali muitos estavam convencidos de que aquela era a verdadeira forma de dar a conhecer a mensagem do Senhor. A partir de então, nos Estados Unidos, quando se falou em “evangelização” ou em “avivamento”, pensava – se em termos parecidos com os de CANE RIDGE. Logo em muitos círculos começaram o costume de se organizar um “avivamento” todos os anos.

Embora a reunião de CANE RIDGE tivesse sido organizada por um pastor presbiteriano, essa denominação não via com bons olhos as manifestações de emoção desenfreada que estavam acontecendo. Logo se tomaram medidas disciplinares contra os pastores que participavam de cultos no estilo de CANE RIDGE, e a igreja presbiteriana, por isso, não teve nos novos territórios o impacto que tiveram os batistas e os metodistas. Estas duas denominações tiveram a idéia de celebrar “reuniões de acampamento” e, embora poucas tenham chegado aos extremos de CANE RIDGE, esse foi o seu principal método de trabalho nos territórios. Em lugares que, como dissemos, as pessoas não tinham ocasião de se reunirem em grandes multidões, o “avivamento” periódico preenchia uma grande necessidade, não só religiosa, mas também social.

Outra das razões do crescimento do Movimento de Restauração foi que o movimento demonstrou disposto a apresentar a sua mensagem da forma mais simples possível, e a utilizar para isso pregadores de escassa preparação. Enquanto as outras denominações careciam de pessoal, porque não havia onde nem como ministrar instrução a candidatos, os metodistas e batistas estavam dispostos a utilizar a quem se sentisse chamado pelo Senhor. A vanguarda dos metodistas eram os pregadores leigos, a quem se permitia, embora não recebessem ordenação. Alguns deles tinham vários lugares de pregação, no que se chamava um “circuito”. Os escassos pastores ordenados, que em sua maioria tinham mais instrução, nunca haviam sido capazes de alcançar o numero de pessoas que os pregadores leigos influenciavam com suas mensagens simples, no idioma do povo. Tudo isto, todavia, se encontrava sob o governo rígido da “conexão” e de seus bispos. Os batistas, por seu lado utilizavam, sobretudo, agricultores que viviam do seu trabalho e serviam de pastores na igreja local. Era essa igreja que os ordenava e lhes dava autorização para pregar. Quando se abria algum território novo, nunca faltava entre os novos colonos algum batista disposto a tomar sobre si as responsabilidades do ministério da pregação. Assim, por métodos diversos, os batistas conseguiram arraigar se nos novos territórios e, em meados do século eram as principais denominações protestantes do país.



Uma conseqüência importante desse Segundo Grande Avivamento, a que a história da igreja se refere, foi que ele contribuiu para romper as barreiras da origem étnica. Entre os novos batistas e metodistas havia ex–luteranos alemães, ex–presbiterianos e escoceses e ex–católicos irlandeses. Portanto, embora ainda em termos gerais, tenha continuado a ser verdade que as divisões denominacionais coincidiram com a origem de diversos grupos de imigrantes, essa coincidência tornou se menor.





Justo L. Gonzáles

Justo L. Gonzáles é bacharel em teologia pelo seminário evangélico de Matanzas, em Cuba e doutor em filosofia pela universidade de Yale nos Estados Unidos. É casado com a professora de história Catherine Gonsalus .
Gonzáles e mora em Atlanta, Geórgia Estados Unidos, onde se dedica ao ensino, pesquisa e produção de livros.










QUE TIPO DE IGREJA SOMOS?



No começo do século XIX, como conseqüência do despertamento espiritual que ficou conhecido como o "Segundo Grande Avivamento", surgiram nos EUA vários movimentos que buscavam a unidade da Igreja e a restauração do cristianismo primitivo. O movimento com o qual nos identificamos foi um deles e ficou conhecido como "A Reforma Presente" e posteriormente "Movimento de Restauração" ou "Movimento Stone-Campbell". Hoje há igrejas da nossa família da fé em 180 países e somos cerca de 16 milhões de membros.

O nosso movimento foi organizado na primeira metade daquele século, entre os anos de 1801 e 1849. Somente no fim da década de 1920 houve uma primeira tentativa de iniciar igrejas da nossa família na fé no Brasil. No entanto, só a partir de 1948 com a chegada do pastor David Sanders conseguimos nos estabelecer com êxito. Desde o princípio nos EUA, as nossas igrejas locais são designadas como Igrejas Cristãs e Igrejas de Cristo. No Brasil adotamos usualmente o nome "Igrejas de Cristo".

Mas, como podemos resumir que tipo de igreja somos? Os dez pontos abaixo ajudarão a entender a natureza da nossa congregação:

Somos Uma Igreja Cristã. Nossa mensagem é que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Não exigimos nenhum outro credo além deste: "Jesus é o Senhor e Salvador";

Somos Uma Igreja de Cristo. A Igreja pertence a Jesus. Não temos nenhum poder para mudar seus ensinos, reescrever regras, propor novas condições para aceitar alguém como membro ou usurpar sua autoridade;

Somos Uma Igreja que Busca a Unidade. Assim como Barton W. Stone, Thomas Campbell, Alexander Campbell, Walter Scott, David S. Burnet, Isaac Errett e outros pioneiros do "Movimento de Restauração" no século XIX, além de milhares de crentes por toda a história da Igreja, procuramos ser um em Cristo com todos aqueles que confessam Jesus como Senhor e Salvador;

Somos Uma Igreja que Busca a Restauração. Queremos imitar o máximo possível os precedentes que temos no Novo Testamento. Por isso o nosso batismo é por imersão, a Ceia do Senhor é celebrada todo domingo e até os nomes que nos identificam são uma maneira de imitar os primeiros discípulos, que foram chamados cristãos em Antioquia (At 11:26) e cujas congregações locais eram freqüentemente denominadas como as Igrejas de Cristo (Rm 16:16);

Somos Uma Igreja Apostólica. Tudo o que conhecemos acerca de Cristo e da Igreja temos aprendido através dos ensinos e escritos dos companheiros mais próximos de Jesus, os Apóstolos. Estudamos cuidadosamente o Novo Testamento porque ele registra seus testemunhos e queremos edificar a nossa Igreja sobre este fundamento (Ef 2:19-20);

Somos Uma Igreja que Pensa. A fé cristã exige o melhor das nossas mentes (Ef 1:17-18), por isso queremos conhecer o que a Bíblia ensina e como podemos aplicar inteligentemente seus ensinos ao mundo de hoje;

Somos Uma Igreja que Sente. Não somos uma igreja fria e intelectual. Pelo contrário, nos regozijamos no Senhor, louvamos, oramos, amamos e servimos de coração. Não nos envergonhamos do Evangelho nem de mostrar as nossas emoções ante os demais. Somos uma igreja viva e o Espírito Santo tem liberdade para mover-se entre nós, assim como nas igrejas do Novo Testamento e do "Movimento de Restauração" nas suas primeiras décadas;

Somos Uma Igreja que Compartilha. Devido a emoção que sentimos na presença de Deus em Cristo, compartilhamos avidamente com os outros as Boas Notícias acerca de Jesus. Desejamos ganhar para ele o maior número possível de pessoas . Assim compartilhamos a nossa fé. Também compartilhamos as nossas posses. Nosso dinheiro, propriedades e vidas pertencem ao Senhor. Queremos usar tudo que temos para ajudar a sua causa e a todos quantos temos contato;

Somos Uma Igreja Livre. Como as igrejas bíblicas somos independentes. Não temos papa, cardeais, arcebispos, superintendentes denominacionais ou uma sede central para determinar as políticas a seguir. Como congregação autônoma, elegemos nossos líderes e decidimos para onde irá nosso dinheiro. No entanto, não nos recusamos a cooperar com outras igrejas e nos associamos livremente com outras congregações que compartilham as nossas heranças e convicções, para vivermos a mesma fé, promovermos o reino de Deus, assumirmos o compromisso de fidelidade aos princípios do "Movimento de Restauração" e cooperarmos umas com as outras na execução dos programas missionários. Nossos Concílios e Convenções têm um caráter extremamente de comunhão e não têm nenhum poder deliberativo sobre as igrejas;

Somos Uma Igreja que Cresce. Queremos crescer espiritualmente porque sabemos que ainda não alcançamos tudo o que Cristo quer de nós. Acreditamos que o cristão que não está crescendo no seu relacionamento pessoal com Deus, no amor por Cristo e não está envolvido no serviço cristão perdeu o gozo da sua salvação. Queremos crescer numericamente porque estamos debaixo da comissão de Cristo para fazer discípulos em todas as nações. Não queremos perder a visão da Grande Comissão (Mt 28:18-20). Jesus prometeu aos que verdadeiramente crêem nele que poderiam pedir o que quisessem e receberiam. Queremos pedir muito e assim fazer muito e, por fim, ajudar a fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra assim como no céu (Mt 6:10).

Também confirmamos a nossa identidade com o "Movimento de Restauração" preservando os seus lemas históricos:

"No essencial, unidade; Nas opiniões, liberdade; Em todas as coisas, o amor";

"Não somos os únicos cristãos, mas somos unicamente cristãos";

"Nenhum credo além de Cristo; Nenhum livro além da Bíblia";

"Onde a Bíblia fala nós falamos; Onde a Bíblia cala nós calamos".

Leia mais: https://igrejadecristoouteiro.webnode.page/igreja-de-cristo-e-sua-historia/

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