sábado, 15 de fevereiro de 2020
O Criador está tirando a igreja dos templos e trazendo de volta pras casas. Entenda.
Em meados da segunda metade dos anos 80, e por todos os anos 90, espalhou-se no Brasil uma infinidade de congregações cristãs reunindo-se nas casas. Anteriormente havia tido o boom das campanhas evangelísticas com tendas, estádios, ginásios e cultos lotados com audiências que iam de mil a 100 mil pessoas. Popularizou-se o "aceitar Jesus" onde a pessoa respondia a um apelo emocional e se "convertia" a Cristo. Leia-se tornava-se prosélito. Era apenas proselitismo. O que acontecia então? Dessa imensa massa de convertidos, menos de 50% ficava nas congregações. Que normalmente eram pentecostais, visto que era na época do boom do pentecostalismo. Para conter essa sangria, algumas igrejas protestantes com traços pentecostais ou carismáticos, viram nas reuniões caseiras ou familiares ou celulares uma boa estratégia de fidelização do fiel. Começou então a era dos discipulados, onde um crente mais antigo ensinava as coisas da fé denominacional a um crente mais novo. Tudo inspirado a princípio pelo modelo do coreano David Paul Yong Cho.
Foi nesse contesto que conheci na comunidade Luterana da Renovação em 1994 em um desses grupos caseiros o evangelho protestante carismático. Mergulhei de cabeça. Em 1998 me tornei aluno do CETREMIB (Centro de Treinamento Missionário Betânia). Em 2000 fui para o estágio na comunidade Luterana de Lagoa Vermelha e não voltei para o último ano do CETREMIB. Trabalhei como secretário da Luterana em Vacaria de 2000 a 2005 quando voltei com minha família para Gravataí, minha cidade natal. Fui obreiro. Fui presbítero. Fiz programas de rádio. Celebrei casamentos, batizados, ofícios fúnebres etc. Preguei e ensinei em inúmeras cidades. Era um cristão bem ativista.
E durante todo esse tempo além dos cultos, trabalho de escritório, as aulas do seminário, primeiro como aluno depois como professor, uma coisa sempre foi agradavelmente rotineira. As reuniões nas casas. Algumas eram mini cultos. Outras eram no estilo aula. Mas todas eram ótimas. Fiz reuniões familiares em pelo menos 20 cidades. Com regularidade semanal ou esporadicamente. E sabem o que acho disso? Esse mover do Espírito de Deus começou a desapegar as pessoas dos templos. E oportunizou o que temos hoje: igrejas que a exemplo da igreja primitiva de Atos dos Apóstolos se reuniam nas casas e nos locais públicos. E isso é muito salutar.
Segundo os dados do último censo, hoje 15 milhões de brasileiros se reúnem como igreja nas casas. Sem clero. Sem estrutura de templo. Sem exploração econômico financeira. Sem dogmatismo. Sem ritualismo. Sem nicolaismo. E isso é simplesmente espetacular. A igreja de Cristo está gradualmente saindo do sistema judaico cristão. A passos de formiguinha é verdade. Mas está saindo. Existe hoje uma consciência que até a pouco tempo atrás era bem rara de que mais do que pertencer a uma religião, é necessário espiritualidade. Mais do que praticar dogmas, rituais, liturgias, cerimoniais é preciso ser humano. Ser do bem. Amar o próximo. De modo geral, religião nem sempre combina com a verdade do evangelho ensinado por Cristo. A distância entre os ensinos da igreja primitiva, e a máquina político religiosa que a igreja se tornou é oceânica. No entanto a igreja de Cristo ainda está misturada a essa máquina clérica estatal/privativa. O que o templo centrista não consegue ver, ou não quer, é que a elite religiosa de hoje é a mesma dos tempos de Jesus. E continua sendo pedra de tropeço pro evangelho. Mas aos poucos as pessoas estão acordando. Estão percebendo que congregar é importante. E congregar não exige uma estrutura religiosa. Exige apenas a boa e velha fé no Messias. O que começou com os humildes grupos nas casas, é um processo que para desespero das igrejas oficiais com CNPJ não tem mais como deter. As pessoas estão entendendo o evangelho e descobrindo que as tradições religiosas e eclesiásticas perdem valor diante da solidariedade, da caridade, da pureza da fé. A estrutura eclesiástica na verdade ela limita o alcance do evangelho. Sem essa estrutura, se a igreja nunca tivesse deixado de ser vivida nos lares, o evangelho seria muito mais relevante na sociedade do que é hoje. O povo das igrejas é visto como curral eleitoral. E os seus pastores negociam suas congregações em troca de votos. Quanto mais membros, mais votos. Mais apoio político. A advertência do Messias, do Criador encarnado para a sua igreja que está ainda misturada ao lodo é: sai dela povo meu.
Texto salutar meu querido irmão em Cristo Jesus.
ResponderExcluirTempos difíceis, eu mesmo estou sem congregação justamente por não aceitar certas coisas que acontecem nos bastidores das denominações.
O meu irmão é Co-pastor da Assembléia de Deus no RN, tem vontade e preza pelo evangelho, mas está amarrado ao clero que lhe aprisiona
Esse é o jogo eclesiastico. Urge viver o evangelho longe deles.
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