segunda-feira, 5 de junho de 2017

A Regra de ouro de Jesus Cristo





17:30 Devocionais



Atualizado em 06/11/2012


A frase "Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você" (também chamada de “regra do ouro”), muito conhecida no mundo todo, é utilizada desde a antiguidade, por diferentes povos. Sua origem é discutível (alguns atribuem ao sábio chinês Confúcio), mas o fato é que praticamente todas as religiões baseiam-se nessa idéia, inclusive o judaísmo e o cristianismo. No livro de Tobias (ausente nas “versões protestantes” da bíblia), por exemplo, pode-se encontrar essa máxima no versículo 15 do capítulo 4. Porém, Cristo parece não ter ficado completamente satisfeito com esse pensamento.
Em Mateus 7:12, o Mestre usa esse conceito em um de seus ensinos, mas com uma importante modificação:


"Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas".


Para muitos, o que Ele fez foi apenas uma reprodução de um pensamento já conhecido por todos, mas se analisarmos a fundo veremos que Ele mudou totalmente o foco. Enquanto o provérbio “original” ensina a não realizar algo ruim (“não faça”), Jesus ensina algo mais profundo, pois em vez de colocar uma proibição e de ensinar a deixar de fazer o mal, ele mostra que devemos fazer o bem ao nosso semelhante! Com um olhar superficial pode não transparecer a diferença, mas é como aquela história atribuída a Albert Einsten: "O mal não existe; é, na verdade, a ausência do bem". Portanto, se não quero o mal para mim, não tenho que deixar de fazer o mal, e sim, fazer o bem!
É possível perceber também que Jesus foi muito mais exigente do que os sábios antigos. Quando Ele troca a forma negativa pela positiva, passa a exigir de nós uma atitude e não mais um simples “cruzar de braços”. Não quer que deixemos de fazer isso ou aquilo, mas que assumamos responsabilidades e façamos algo, segundo a Sua vontade. Dessa forma, o foco que era o indivíduo (que não deveria fazer alguma coisa) passa a ser a ação praticada por ele.
Após essa análise um pouco filosófica, pode ser que alguns leitores estejam se perguntando: “Então Jesus e o cristianismo foram profundamente influenciados por religiões e idéias orientais (como o budismo e o confucionismo)?” Para encontrar a resposta, devemos entender que
sempre tivemos e ainda temos muitos sábios espalhados pelo mundo e todos eles dizem verdades e mentiras, afinal, todo homem comete erros e acertos. Nada impede, portanto, que as verdades sejam repetidas e destacadas, inclusive por Cristo. Porém, isso não significa que essas religiões delinearam os ensinos de Jesus, pois Ele, sendo Deus, jamais seria influenciado por opiniões humanas. O Senhor conhece todas as coisas e seus ensinos são sempre eternos e imutáveis, ao passo que os homens pregam idéias certas e erradas, universais e relativas, duradouras e transitórias. Percebem a diferença?
Quando nasceu, Jesus teve contato com magos do oriente, que tinham uma religião não judaica, e não houve nenhum problema (“contaminação”) nisso. O fato de não serem judeus não significa que eram ignorantes e desconhecedores de tudo (embora a maioria dos cristãos e dos judeus atuais tenha uma mente fechada e pense dessa forma). Lembremo-nos de Melquisedeque, que não pertencia à linhagem de Abraão. Era um “estranho” que surgiu “do nada” e pouca informação se tem sobre ele, mas com certeza Deus estava com este homem. Não pretendo, neste texto, discutir esta ou aquela religião, apenas quero destacar que nem tudo o que se tem fora do judaísmo ou do cristianismo é ruim (assim como nem tudo que se tem dentro deles é bom). Há virtudes sim em outras religiões, que devem ser destacadas, não no que diz respeito às divindades, mas a alguns ensinos que deveriam estar presentes no coração de todo homem, independente da sua crença, como o amor ao próximo, o respeito, a compreensão...
Como foi dito no início deste texto, o judaísmo e o cristianismo estão baseados na regra do ouro (modificada para uma versão afirmativa) e não foi apenas esse ensino de Cristo que mostra isso. Em Mateus 22:37-40, Jesus institui os dois mandamentos da Nova Aliança:


“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo [mandamento], semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” Mateus 22:37-40.


É nítido que “amar o próximo como a si mesmo” é uma expansão da famosa regra do ouro, defendida por inúmeros povos. Porém isso não significa que este mandamento existe devido à adoção universal desse conceito. Alguém, em um passado distante refletiu sobre a grandeza da vida e percebeu que o amor e a compaixão são essenciais para uma vida de paz e de harmonia e isso deveria estar no coração de todos nós, independente da religião. E essa é uma verdade que foi confirmada posteriormente por Deus (em Levítico 19:18 já há uma referência a isso). Portanto, concluímos que se ninguém tivesse percebido isso antes, Deus teria feito essa revelação aos homens (assim como fez em outros assuntos). Porém, essa regra de convivência precisou apenas ser aperfeiçoada (atribuindo mais responsabilidade a cada pessoa) e confirmada por Ele.
Trazendo tudo isso para a atualidade, o que estamos fazendo pelo nosso próximo? Ajudando ou condenando? Ensinando ou humilhando? Estendendo as mãos ou empurrando-o para o buraco?


Autor: Wésley de Sousa Câmara

Referências:
Bíblia Almeida Corrigida Fiel
Bíblia de Jerusalém
Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis

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